Coluna da Maga
Magali Moraes: ex-sogra
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Nunca tive ex-sogra. Quer dizer, foram tão poucos namorados que nem contam. E naquele longínquo tempo, era tudo diferente. Levava um século até a gente se sentir parte da família. Depois que casei, aí sim. Sempre fui tratada como filha pela minha sogrinha até seus últimos dias. Agora inverte o ponto de vista: sou ex-sogra. Acontece de repente, contra a nossa vontade. Quem acha que os pais não devem se envolver nos relacionamentos dos filhos é porque não tem filhos ou eles ainda usam fraldas.
Impossível a gente não se envolver. Abrimos a porta de casa e do coração. É mais uma pessoa na mesa, no sofá, nas programações do fíndi e nas comemorações em família. Não foi a primeira vez, e provavelmente não será a última. Cabe a nós, ex-sogras, desapegar. Somos coadjuvantes nessa história. Seguiremos em frente, torcendo pela felicidade de ambas as partes. Nossos conselhos nem sempre serão ouvidos pelos filhos. Mas falaremos mesmo assim, nem que seja pra aliviar a alma.
Ciúmes
Agora é conviver com a saudade. Uma pessoinha especial vai fazer falta. Logo eu, que lá no passado imaginei que morreria de ciúmes das namoradas dos meus filhos. Capaz! Senti alegria e cumplicidade. Trocamos tantas dicas de séries, filmes e restaurantes. Tomara que essas lembranças durem pra sempre. Desculpe o clichê, mas as mães de meninos que tiverem sorte ganham filhas. Se na vida existisse um currículo de sogra, acho que o meu seria bonito. Cheio de afeto, risadas e respeito.
De um lado, sou ex-sogra. Do outro, sigo sendo a sogra da minha amada norinha Rah. Se já não posso mais comprar iogurte sem lactose sabor baunilha, continuarei comprando Yakults e oferecendo taças dos meus melhores vinhos (e algodão, demaquilante, o que for preciso). Tudo é aprendizado, as sogras sentimentais que lutem. Mari, essa coluna é meu jeitinho de agradecer por esses 3 anos de convívio. As portas aqui de casa estarão sempre abertas pra ti. Que a amizade fique.