Coluna da Maga
Magali Moraes: perdeu a caneta?
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Acontece quando a gente mais precisa. Já reparou? As canetas são assim mesmo. Desaparecem de cima das mesas. Se tornam invisíveis dentro das bolsas. Caem dos bolsos. Evaporam das gavetas. Rolam pra baixo dos móveis. E quando a gente finalmente acha uma, é bem provável que a tinta esteja falhando. Isso porque as tampas somem muito mais do que as canetas. É só comemorar que encontrou uma bendita, pra começar a escrever e a tinta nos deixar na mão na metade da frase.
Adianta trancar todas dentro de estojos protegidos? O zíper vai abrir, e elas vão escapar. Canetas gostam de liberdade, só pode. Vai ver elas se acham importantes demais pra ficarem sem uso. Preferem assinar acordos de paz e contratos decisivos de negócios. Nasceram para escrever as respostas certas em provas finais. Querem rabiscar letras de música e botar no papel alguns versos de poemas. Adoram emocionar registrando os sentimentos bonitos de alguém em uma carta ou cartão.
Bloco
A falta que faz uma caneta na hora certa. Peraí. Ela ainda faz falta? Hoje em dia tudo se resolve no celular. As pessoas digitam no bloco de notas. Tiram fotos de qualquer coisa que queiram lembrar depois (e poderiam anotar com uma caneta). Houve um tempo em que a gente escrevia na mão o que era importante. Até lambia a ponta da caneta pra tinta riscar mais forte (e aquilo durava dias na pele). Tem muita Bic por aí que deve estar sendo usada pra prender coque de cabelo comprido, e olhe lá.
Não sei você, mas eu adoro escrever com caneta azul, preta, vermelha. As de tinta verde são nostálgicas. Falando nisso... onde andará Kilométrica, a caneta simpática por um preço milimétrico? Escrevendo macio é que não (mas a propaganda antiga tá no YouTube). Esferográfica não se usa mais? Se tiver a ponta em esfera, usa sim. Ganhar caneta em formatura já foi um presentão. Indicava um futuro promissor. Ultimamente, sorte da caneta que for lembrada pra escrever a lista do súper.