Pandemia
Políticos e artistas lamentam 500 mil mortes por covid; ministro das Comunicações critica postagens
Maiorias das manifestações ressaltam que doença tem prevenção, especialmente por meio de vacina
O Brasil chegou, neste sábado (19), à marca de 500 mil mortes por covid-19. O número, divulgado pelo Ministério da Saúde, provocou reações de autoridades e de pessoas nas redes sociais. Enquanto políticos e artistas solidarizaram-se com as famílias atingidas pela doença, o ministro das Comunicações do governo de Jair Bolsonaro, Fábio Faria, criticou os lamentos.
"Em breve, vocês verão políticos, artistas e jornalistas 'lamentando' o número de 500 mil mortos. Nunca os verão comemorar os 86 milhões de doses aplicadas ou os 18 milhões de curados, porque o tom é sempre o do 'quanto pior, melhor'. Infelizmente, eles torcem pelo vírus", escreveu Faria.
"100 mil de mortes no Estado de SP, SILÊNCIO sepulcral. Quando esses números dos Estados se somam e se chega a um número nacional, ESTARDALHAÇO. Lembremos q os Estados e municípios tinham e têm TOTAL AUTONOMIA nas medidas da Covid. Perdi um tio no mês passado e vários amigos. Mas nada disso importa, o que existe é uma tentativa coordenada de colocar tudo na conta do Bolsonaro e minimizar todo o trabalho e os esforços do governo federal para o combate da pandemia", acrescentou ele.
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que deu autonomia a Estados e municípios para gerirem a pandemia vem gerando discussões desde que foi proferida. O presidente já chegou a dizer que foi impedido pela Corte de agir no enfrentamento à pandemia em uma entrevista à Band. A declaração gerou uma manifestação do órgão, esclarecendo que "União, Estados, Distrito Federal e municípios têm competência concorrente na área da saúde pública para realizar ações de mitigação dos impactos do novo coronavírus (....) conforme as decisões, é responsabilidade de todos os entes da federação adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à pandemia".
Enquanto Fábio Faria colocou as mortes na conta da gestão de São Paulo, o governador paulista, João Doria, publicou uma carta em seu Twitter, urgindo pela vacina.
"Meio milhão de famílias devastadas. É a mais triste marca da história do nosso país. Um sentimento de vazio e indignação invade meu coração. É inadmissível perdermos pessoas para um vírus sabendo que já havia uma vacina. Morreram pelo descaso. A frase que mais escuto ao conversar com alguém que perdeu um familiar para a covid é: 'não deu tempo dele tomar a vacina...'", escreveu Doria.
O governador gaúcho, Eduardo Leite, disse que a "marca de 500 mil mortes por covid-19 é, além de triste, revoltante. Não podemos normalizar essa quantidade de vítimas por uma doença para a qual já existem vacina e protocolos seguros, como o distanciamento social".
Outros políticos e autoridades se pronunciaram sobre as 500 mil mortes por covid-19 no Brasil. O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou: "500 mil mortos por uma doença que já tem vacina, em um país que já foi referência mundial em vacinação. Isso tem nome e é genocídio. Minha solidariedade ao povo brasileiro".
Governadores de diversos Estados manifestaram sua solidariedade. Além de Doria e Leite, Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, também falou sobre a necessidade de apostar na vacina. Flávio Dino, do Maranhão, decretou luto de três dias no Estado.
"Minha solidariedade a cada uma das famílias dos 500 mil brasileiros mortos pela COVID-19. Estamos vivendo uma grande batalha contra esse vírus. A vacina é nossa esperança e seguirei firme para imunizarmos toda a população do Rio de Janeiro", disse Castro.
"O desvairado que falou em 'gripezinha' deveria pedir desculpas e ser punido. Mas é uma questão de tempo. O encontro dele com os Tribunais é inevitável. Indignação profunda com esse desastre nacional: 500 mil vidas", escreveu Dino ao publicar o decreto de luto oficial.
Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, também criticou Bolsonaro diretamente. Ao publicar uma foto das manifestações deste sábado (19) em Maceió, afirmou que o presidente rachou o país entre cloroquina e vacina.
"A rachadinha do negacionismo é aposta que gerou resultado: meio milhão de mortos. Até agora", escreveu.
Artistas também se pronunciaram sobre o caso. O músico Chico Buarque, que completa 77 anos neste sábado (19), participou das manifestações no Rio de Janeiro. Já a atriz Beth Goulart, que perdeu sua mãe, Nicette Bruno, para a covid-19 em dezembro de 2020, publicou uma foto com a urna das cinzas da artista.
"500 mil vozes em silêncio", escreveu na legenda.