Seis meses depois
Primeira vacinada contra a covid-19 no RS faz 100 anos de vida e ganha "festa" no Palácio Piratini
Dona Eloína Gonçalves Born foi recebida pelo governador em encontro com direito a parabéns, pagode e bolo
Para celebrar seus 100 anos de vida, a serem completados no próximo sábado (24), dona Eloína Gonçalves Born já sabia o que queria: conhecer o Palácio Piratini. E foi nesse local, que tem a mesma idade dela, que a idosa ganhou uma “festa” com direito à presença do governador Eduardo Leite, um policial militar tocando parabéns e o pagode “Cheia de Manias” no saxofone, um bolo de aniversário e orquídeas de presente.
Dona Eloína se tornou, há seis meses, a primeira idosa a receber a vacina contra a covid-19 no Rio Grande do Sul. Disse que não sentiu nenhuma reação à dose e, inclusive, desde então já tomou outros dois imunizantes: contra a pneumonia e contra a gripe.
Segundo a secretária estadual de Comunicação, Tânia Moreira, o “aniversário” de seis meses do início da vacinação dos gaúchos, no Hospital de Clínicas, coincidiu com o centenário de dona Eloína. Quando o governo foi procurado pelo Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa), que repassou o pedido da idosa, de conhecer o Palácio Piratini e Eduardo Leite, o governo entendeu essa como uma boa forma de simbolizar o fechamento desses seis meses.
— É uma justa homenagem para ela e é um marco também para a vacinação, mostrar uma pessoa que está bem, vacinada, firme e forte, e também proporcionar que ela conhecesse o Palácio — observa Tânia.
A elegância de dona Eloína
Durante a visita ao Piratini, dona Eloína estava elegante: usava brincos, óculos pretos, cabelos bem arrumados e um colete de pelo por cima da blusa. Conheceu os espaços públicos e a área residencial com a ajuda de duas pessoas da instituição de longa permanência onde vive.
— Eu ainda não conhecia o Palácio Piratini. Achei muito lindo. Ótimo! Nota 10 — sentenciou.
Depois de quase uma hora de atraso, o governador Eduardo Leite foi até a idosa e eles conversaram um pouco. Ela disse que tem um filho que também se chama Eduardo, e um neto chamado Carlos Eduardo. O governador comentou, ainda, que o dia em que dona Eloína fará 100 anos – 24 de julho – é também a data do aniversário da mãe de Leite.
Enquanto papeavam, um policial militar chegou empunhando um saxofone, do qual ressoava no grande salão do Palácio Piratini um “Parabéns a Você”. Enquanto a música era tocada, veio, ainda, um bolo de aniversário e uma orquídea de presente para a dona Eloína. Quando o som parou, o governador perguntou o que ela gostaria de ouvir.
— Pode ser uma música bem mexidinha — pediu a idosa.
O policial não teve dúvida: no mesmo momento, passou a tocar “Cheia de Manias”, do grupo de pagode Raça Negra. Leite prometeu, da próxima, levar seu pandeiro para acompanhar a canção.
Apesar de vacinada, a aposentada vê pouco sua família, devido às restrições de visitação da instituição de longa permanência onde ela mora, por conta da pandemia – vê apenas seu filho, de vez em quando. Disse que às vezes tem “um pouquinho de depressão”, por não ver as pessoas, mas reforça que é bem tratada pelos funcionários do residencial geriátrico. Sonha em ver sua bisneta, que mora em Nova York, se a pandemia permitir.
— Eu pensava que, quando eu fosse bem velhinha, eu ia ter um netinho para me levar pela mão, e agora eu tenho uma bisnetinha, neta do meu filho, que mora em Nova York. No final do ano eles vêm, parece — vislumbra a idosa.