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Coluna da Maga

Magali Moraes e o rei da mesa

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

03/09/2021 - 09h00min

Atualizada em: 03/09/2021 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Já reparou como ele monopoliza a atenção? Seja na mesa do bar ou do restaurante, a comida vai esfriar porque todo mundo estará ocupado demais ouvindo o cidadão que não para de falar. Idem nas rodas de conversa, onde tudo gira em torno dessa pessoa que (acha que) nasceu pra ser o centro do universo. Eu reparo em tudo, e meu passatempo preferido é observar o comportamento humano. Esse tipo de cena me atrai feito abelha e mel, sabe assim? Não consigo evitar. Vai que rende coluna?

Os reis da mesa são sempre mais inteligentes, sortudos, vividos, viajados, espirituosos, engraçados, bem informados. Emendam um assunto no outro que é pra nos hipnotizar de vez. Haja saliva! Os problemas deles ganham na categoria drama. Suas dores e traumas são maiores, idem as suas conquistas. Melhor nem tentar competir. Nossos perrengues do dia-a-dia parecem insignificantes, bobinhos, simples demais. Ah se a gente fosse tão especial como eles! E quem disse que não somos?

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Voz

Me ajuda a descobrir o porquê disso tudo: os reis e rainhas da mesa possuem uma dicção melhor? A voz mais aveludada? A entonação mais adequada? O raciocínio mais articulado? A risada mais engraçada? Se não ficassem olhando só para o próprio umbigo, daria até gosto de ouvir. A questão é que um verdadeiro rei da mesa não resiste. Quer dominar a conversa, sempre acha um jeito de pegar a palavra e nunca mais devolve. Os outros bem que tentam ganhar espaço, mas acabam desistindo.

Esses dias, enquanto esperava a pizza chegar na nossa mesa, bati o olho em um legítimo reizão sentado logo ali. Ele se empolgava tanto que levantava, gesticulava, ria das próprias piadas. Quando foi ao banheiro, o resto da turma teve a chance de mudar de assunto e curtir o silêncio momentâneo. Enquanto observava, eu imaginava o que pensavam seus companheiros. Já estão acostumados? Tudo bem serem eternos coadjuvantes? Senti alívio de não fazer parte daquela mesa. Vai que o rei cobra couvert artístico. 



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