Há três meses
Pacientes com problemas renais relatam falta de medicamento em farmácias do SUS em Porto Alegre
Escassez do remédio coloca em risco o tratamento
Pacientes com insuficiência renal enfrentam falta do medicamento de distribuição gratuita, sacarato de hidróxido férrico. O fármaco injetável é utilizado no combate à anemia, fazendo a reposição de ferro em quem necessita de hemodiálise.
Adilson Soares conta que há três meses procura a farmácia do Sistema Único de Saúde (SUS), localizada no centro de Porto Alegre, e não encontra o medicamento. O seu pai, de 78 anos, tem a doença há 10 anos e faz hemodiálise, enquanto aguarda na fila para o transplante de rim.
— Esse medicamento é caro, como o Estado não está fornecendo, precisamos comprar, mas muitos pacientes não têm condições — afirma Soares.
A manicure Kelly Silva, de 40 anos, faz hemodiálise há quatro anos e está há 45 dias sem usar o medicamento.
— Dependo do remédio disponível pelo governo. Às vezes, conto com ajuda de alguns amigos, mas, no momento, estou sem usar o medicamento, o que compromete o meu tratamento — declara.
Conforme o chefe do serviço de nefrologia do Hospital São Lucas da PUCRS, Carlos Eduardo Poli de Figueiredo, a falta desse medicamento faz com que o paciente tenha anemia, fique menos ativo e pode piorar quadros de insuficiência cardíaca, reduzindo a qualidade de vida do paciente.
— O que pode acontecer com a falta de ferro é a anemia, que pode aumentar a mortalidade desses pacientes — enfatiza.
A Secretaria Estadual da Saúde informou que o medicamento está em falta porque foram realizadas três tentativas de compra e não houve empresas interessadas na venda. O Estado segue tentando fazer a aquisição. Não há previsão de quando o medicamento estará disponível.
Confira a íntegra da nota da Secretaria Estadual da Saúde
“Sobre o sacarato de hidróxido de ferro, informa-se que há locais de desabastecimento por falta de empresa que oferte o produto ao Estado. Desde a última aquisição pela Secretaria da Saúde, foram realizadas três tentativas de compra, restando o processo fracassado ou deserto. Atualmente há nova tentativa de aquisição do medicamento.
Outros Estados também relataram dificuldades de compra desse medicamento, em reunião realizada com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, órgão que representa as secretarias estaduais de Saúde. Como encaminhamento o assunto será discutido também com o Ministério da Saúde, visto que pode se tratar de um problema nacional.”