Passeio tradicional
Prefeitura da Capital desativa a Linha Turismo e abre espaço para operações privadas
Poder público defende que abertura de mercado vai qualificar o serviço turístico
A prefeitura de Porto Alegre oficializou, nesta quinta-feira (16), o fim do serviço público da Linha Turismo, que realizava passeios de terça a domingo na região central e na zona Sul da cidade. Em paralelo ao encerramento do serviço público, que estava temporariamente suspenso por conta da pandemia, a prefeitura abre caminho para empresas privadas realizarem essas atividades turísticas na Capital.
O valor da Linha Turismo atualmente é de R$ 30. Com a chegada da iniciativa privada, o valor mínimo do tíquete será o equivalente a oito passagens do transporte público – hoje R$ 38,40. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo explica que essa regra foi estipulada por lei municipal.
A Linha Turismo funcionava desde 2003 em Porto Alegre. O destino dos ônibus de dois andares da Carris adaptados para os passeios turísticos deve ser o leilão.
– O serviço está inativo por conta da pandemia e, com o decreto desta quinta, não retoma mais. É muito provável que a Carris faça um leilão dos três ônibus da Linha Turismo – apontou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Porto Alegre, Rodrigo Lorenzoni.
A justificativa da prefeitura é de que o serviço público tinha limitações de horário, de trajetos e de investimento. Segundo a prefeitura, não há relação com a proposta de privatização da Carris.
– A operação era feita pelo poder público com todas as limitações e carências. O último horário de funcionamento era 16h, pois era operada por estagiários, com limitações. O pôr do sol, um dos nossos patrimônios, ficava comprometido. Além disso, não se vendia passagens pela internet – argumenta Lorenzoni.
Outra expectativa da prefeitura é de que, ficando a cargo da iniciativa privada, as empresas ofereçam pacotes que direcionem os turistas para pontos culturais ou de consumo da cidade.
– Poderão fazer a interseção entre a linha e destinos turísticos, vender o ingresso casado. O passeio pode terminar, por exemplo, no shopping center ou no Teatro São Pedro. E podem surgir uma rota cervejeira, uma dos Caminhos Rurais, uma do futebol. São muitas possibilidades. Nós (poder público) não tínhamos como construir isso – projeta Lorenzoni.
Pela regulamentação definida nesta quinta, as empresas interessadas precisarão apenas se credenciar, sem a existência de concorrência pública. As propostas de operações serão analisadas e aprovadas por uma comissão da prefeitura. A exigência principal é que as empresas mantenham o formato atual, com ônibus panorâmicos de dois andares.
A Linha Turismo em seu passeio pela região central de Porto Alegre contava com descrições históricas, arquitetônicas e culturais da cidade. Isso não será obrigatório nas linhas privadas, mas o secretário de Turismo acredita que as empresas buscarão oferecer um serviço de qualidade, sob risco de serem descadastradas.
– As empresas farão as suas pesquisas de mercado e entender o desejo do turista de conhecer a cidade. E haverá fiscalização. Se não prestarem um serviço de qualidade ou se começarem a contar uma história de Porto Alegre que não é verdade a gente terá mecanismos de fiscalização e punição – prometeu Lorenzoni.
O evento de assinatura do decreto de regulamentação foi acompanhado por representantes de ao menos três empresas turísticas. A prefeitura acredita que os interessados farão propostas em até dois meses e que o início das linhas privadas acontecerá em até quatro meses.