PAPO RETO
Manoel Soares: "Nos falta maturidade para dizer adeus"
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
Às vezes nos falta maturidade para dizer adeus. Terminar ciclos e entender que as coisas devem ser eternas enquanto duram é um desafio, pois muitas vezes entendemos que o fim de um relacionamento é o fim do amor. Falando assim, parece que estou me referindo somente a homens e mulheres, mas ciclos de amizades ou mesmo de vidas são quebrados e/ou interrompidos, forçando um fim que não foi cogitado.
Uma das estratégias intuitivas mais comuns para fim de relação que usamos é sentir raiva da parte que provoca o fim. A raiva só é um argumento para camuflarmos a dor da ausência do outro.
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Um costume no nordeste brasileiro que me encanta é o ato de “beber o defunto”, momento em que ao redor do caixão os amigos lembram das histórias como se o morto estivesse participando da conversa. Esse ato de celebrar a vida ao invés da morte é um exemplo de como devemos honrar as alegrias no lugar de sermos exilados na tristeza.
Um casamento de 10 anos, quando termina seu ciclo, não é um casamento que deu errado, mas um casamento que deu certo por 10 anos. É imaturidade esperar brigarmos com nossos pais para sair de casa, a causa da saída não é a briga, mas o ciclo que se encerra. Quando entendemos esses momentos com olhos de novas oportunidades, menos lágrimas rolam em nosso rosto.