PAPO RETO
Manoel Soares: "Professores em perigo"
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
Nesta sexta-feira, nós vivemos o Dia do Professor. Um dia que, infelizmente, não é de comemoração, mas de reconhecimento e de reflexão. De acordo com a Organização de Desenvolvimento Econômico, de cada cem jovens, somente dois querem ser professores. Isto é uma realidade que compromete o futuro de maneira direta.
O desrespeito com esses profissionais gera um desinteresse que frustra os sonhos de quem quer se dedicar à arte de ensinar. É importante dar condições dignas de trabalho, muitos professores vivem doentes até mentalmente por conta das condições que, em muitos casos, são quase que prisionais. O salário é outro drama que os professores vivem todo mês. Com uma economia do país destruída, o professor precisa decidir qual comida colocar no prato, muitos estão quase virando vegetarianos contra a vontade por não ter como comprar carne.
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Poucas categorias estão tão ligadas ao futuro: entregamos nossos filhos a estes profissionais, mas não lutamos por eles. Os professores, em especial de escolas públicas, não têm 1% da dignidade que merecem e como consequência a desmotivação faz com que muitos não tenham toda a dedicação necessária.
Confesso que não tenho mais cara para criticar esses profissionais que, às vezes, não se dedicam tanto porque são vítimas de um descaso que chega a ser insalubre. Fora que, quando esses heróis são espancados publicamente, seja física ou metaforicamente, abrimos a possibilidade para que, daqui a 30 anos, não tenhamos professores apaixonados pelo ensino. A pergunta que fica é: será que nossos filhos terão, assim como nós, uma professora do coração? Se não mudar o cenário de investimento, não terão.