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Coronavírus

Estudo aponta que, mesmo em alta, números da pandemia no sul do RS poderiam ser piores sem vacinação

No momento, a região de Pelotas (R21), dentro do sistema de monitoramento do governo estadual, está com 72% de ocupação nos leitos de UTI pelo SUS

24/11/2021 - 09h01min


Ian Tâmbara
Ian Tâmbara
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Frederico Feijó
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Anselmo Cunha / Agencia RBS

Mesmo com o avanço da vacinação, o sul do Estado tem apresentado números que vão na contramão do recuo da pandemia no Rio Grande do Sul. No momento, a região de Pelotas (R21), dentro do sistema de monitoramento do governo estadual, está com 72% de ocupação nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso significa que 112 dos 154 leitos estão com pacientes. Já as 10 UTIs privadas estão todas ocupadas. Os índices são bem acima da média geral do Estado, que estava em 58% de lotação até a tarde desta terça-feira (23).

Com alta do número de novos casos de coronavírus, Rio Grande manteve o decreto de calamidade pública por mais uma semana. A cidade tem registrado entre 300 e 400 confirmações por semana no último mês. 

Em setembro, por exemplo, o município chegou a registrar uma desaceleração na taxa de contaminação. Conforme estudo do Instituto de Matemática, Estatística e Física (Imef) da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), o índice de reprodução basal – cálculo que compara as confirmações de casos e faz projeções matemáticas – esteve abaixo de um pela última vez no mês nove. Isso significa que, na época, cada 100 pessoas infectadas poderiam transmitir para outras 69. Já em outubro, o mesmo cálculo ultrapassou essa taxa e apontou para uma nova aceleração, que segue até o momento.

Conforme o professor Sebastião Gomes, responsável pela pesquisa, a região de Pelotas esteve com índice de aceleração no número de casos durante os últimos 45 dias. No entanto, apesar da alta, ainda são considerados como um crescimento lento. Gomes salienta que a situação só foi possível em função do avanço da vacina.  

— Certamente, a vacinação está cumprindo a sua função nesses números. Se nós não estivéssemos com o processo de imunização avançado, estaríamos em uma situação terrível, muito pior. Nós só temos essas taxas ainda em crescimento, mas lentas, por conta da imunização — destaca Gomes.

Depois de praticamente esvaziar os leitos da ala de enfermaria covid-19, o Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg) voltou a apresentar alta nas internações. Nas últimas semanas, o índice de ocupação variou entre 60% e 100%. 

Na manhã desta terça-feira (23), por exemplo, sete dos 10 leitos disponíveis estavam ocupados. O médico Fábio Lopes, gerente de atenção à saúde do hospital, garante que a maior parte dos internados apresenta o processo de vacinação incompleto como característica comum.

– O perfil dos pacientes, na grande maioria, é de pessoas que não completaram o seu esquema de vacinação. Temos pacientes mais idosos que não fizeram a dose de reforço e aqueles mais jovens, principalmente entre 40 e 50 anos, que não receberam a segunda aplicação – afirma Lopes.

Sinal de alerta e reforço dos cuidados e vacinação em Pelotas

Com média de 75% de ocupação em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Pelotas não descarta ampliar o número de leitos se a situação agravar. No começo do mês, houve a reabertura de seis leitos na Santa Casa de Pelotas — agora, a cidade conta com 39 leitos. Em média, 30 dos 39 disponíveis estão sendo utilizados.

A secretaria de saúde de Pelotas, Roberta Paganini, cita a questão geográfica da região Sul como um dos motivos para a elevação de indicadores. Segundo Paganini, o fator já havia sido identificado na epidemia da influenza e foi novamente sentido na pandemia:

— As coisas demoram a chegar aqui na região. Temos a alta de casos em Porto Alegre, em outras regiões, e, por fim, temos aqui no sul. Até por isso em Pelotas teremos flexibilizações mais tardias.

Consultado sobre esse apontamento, o epidemiologista da UFPel e coordenador da pesquisa Epicovid, Pedro Hallal, afirma não ter respostas científicas ainda para o possível fenômeno geográfico.

Já em relação às flexibilizações, a médica infectologista do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Bruna Souza aponta as restrições liberadas como vetor principal para as altas nas taxas, somado às ausências na imunização.

— Além o atraso na vacinação, há também a flexibilização das medidas preventivas. Acredito que as medidas deveriam ser mantidas por mais tempo, principalmente aquelas que impedem um grande número de aglomerações — afirma a especialista.

Pelotas busca ampliar o número de imunizados com a dose de reforço. O município ainda está aplicando as doses apenas em idosos e profissionais de saúde, e aguarda a orientação do governo do Estado para ampliar para o público em geral. A cidade conta com 78% da população adulta com esquema vacinal completo e 90% com a primeira dose. 


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