Coluna da Maga
Magali Moraes e os ventos de Finados
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Sempre venta bastante nessa época, né? Fico me perguntando por quê. A previsão do tempo não conforta a gente. Quer sol pra curtir o feriado? Eu também. Quer parar um minutinho e lembrar de todos os teus amores que já se foram? Vamos juntos. Amanhã é Finados. Tem quem nunca esquece de levar flores pra alegrar as lápides. Tem quem esquece as pessoas em vida mesmo (triste). Tem quem gostaria de ir no cemitério visitar seus entes queridos, mas não pode por diversos motivos.
Eu prefiro frequentar os álbuns de fotos e a minha memória afetiva. Em todos os outros dias do ano, conviver com a saudade e ir percebendo como ela se transforma com o tempo: no começo nos revolta e apunhala. Depois vai confortando. Sentir saudade de quem se foi é ter certeza de que essa pessoa será sempre importante na nossa vida. Tomara que a gente tenha muito o que relembrar. Até os momentos difíceis amenizam com o passar dos anos. E tudo vira experiência que ensina e fortalece.
Piada
Que os ventos de Finados tenham uma razão de ser. Que eles nos tragam de volta aquelas piadas sem graça, repetidas 500 vezes, mas que daríamos tudo pra ouvir de novo. Que uma brisa suave nos surpreenda trazendo as frases que nossos amados sempre diziam. O tom exato da voz, a entonação das palavras, o barulho da respiração, o jeito de rir, sentar, caminhar, gesticular. Quero abrir portas e janelas pra deixar entrar esse vento e refrescar tudo aquilo que teima em evaporar de mim.
Quais são os seus planos para o feriado? Onde quer que vá, que você sinta a presença de quem segue te amando de outros planos e dimensões. Independente das suas crenças, envie boas energias (vai receber de volta) e agradeça o convívio de quem já se foi e deixou aprendizados, histórias, lembranças, exemplos de vida. A minha listinha é grande, é leve, é imensa de amor. Só não reclame do vento. Deixa ventar em Finados. Com ou sem flores nas lápides, que seja um dia colorido.