Mês de conscientização
Novembro Azul: confira mitos e verdades sobre o câncer de próstata
Especialistas esclarecem dúvidas e reforçam a necessidade de os homens manterem cuidados com a saúde
Diante da queda nos números de cirurgias e exames relacionados ao câncer de próstata durante a pandemia de covid-19, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) resolveu utilizar o Novembro Azul deste ano para alertar sobre os impactos da crise sanitária na saúde masculina. As ações do mês de conscientização também visam reforçar a importância de os homens retomarem a procura por cuidados médicos, a fim de prevenir doenças.
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre o sexo masculino, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Mesmo assim, a doença é ainda hoje rodeada por dúvidas e tabus. GZH conversou com especialistas para esclarecer os principais mitos e verdades sobre a neoplasia. Confira abaixo:
A doença só afeta homens idosos.
MITO. De fato, a idade mais elevada é um dos fatores que contribuem tanto para a incidência quanto para a mortalidade, principalmente dos 60 aos 70 anos. Entretanto, não quer dizer que os homens mais novos não possam ser acometidos pela doença. Apesar de ser mais raro, há possibilidade de ela aparecer antes dos 50 anos.
Histórico familiar aumenta a chance de desenvolver a doença.
VERDADE. A hereditariedade é um dos principais fatores de risco para a doença. Ter um pai, tio ou irmão com essa neoplasia aumenta de duas a três vezes as chances de se ter o câncer de próstata. Dois familiares de primeiro grau com a doença aumentam essa chance em cinco vezes.
Câncer de próstata não tem cura.
MITO. A doença tem, sim, grandes possibilidades de cura, desde que o diagnóstico e o tratamento sejam feitos em fase inicial. Quando não apresentada metástase (quando o câncer atinge outras partes do corpo), há chances de mais de 90% de cura.
Sedentarismo é fator de risco.
VERDADE. Não se sabe exatamente quais são as causas do problema, mas estudos mostram que alguns fatores podem contribuir, como o sedentarismo, a obesidade e até mesmo o tabagismo — o que se aplica a todas as outras neoplasias. Por isso, deve-se prevenir obesidade e sedentarismo mantendo hábitos de vida saudáveis, com dieta equilibrada e prática regular de atividades físicas, além de evitar o cigarro.
Exame físico interfere na masculinidade do homem.
MITO. Essa possibilidade não existe. O exame físico (toque retal) é importante porque o exame de sangue (dosagem de antígeno prostático específico - PSA) pode estar normal em 10% a 20% dos casos de câncer de próstata. Além disso, especialistas garantem que o toque físico é um exame simples, rápido e indolor, que pode ser realizado com facilidade durante a consulta médica.
Homens negros são mais suscetíveis ao câncer de próstata.
VERDADE. Especialistas não sabem dizer exatamente porque isso acontece, mas a raça é considerada um fator de risco para a doença. Homens negros têm duas vezes mais chances de ter esse tipo de câncer e podem apresentá-lo de forma mais agressiva. Por isso, devem começar a avaliação médica aos 45 anos, cinco anos antes dos que não integram nenhum dos grupos de risco.
Investigar o câncer faz com que ele se espalhe.
MITO. Algumas pessoas pensam que é melhor “deixar quieto” para que o câncer não se espalhe, mas o diagnóstico não faz a doença se alastrar de jeito nenhum. Quando se faz um diagnóstico precoce, com o câncer em estágio inicial, as chances de cura são muito maiores e o tratamento inclusive ajuda a evitar que ocorram metástases.
Deve-se esperar que os sintomas apareçam para procurar um médico.
MITO. Esperar pelos sintomas, que podem envolver dificuldade para urinar e sangramento, é uma abordagem errada. Geralmente, quando os sintomas aparecem, o câncer já está em estágio avançado, o que diminui as chances de cura.
Fazer muito sexo aumenta o risco da doença.
MITO. Não há comprovação ou estudos que indiquem que fazer muito sexo aumenta o risco de câncer de próstata. Algumas pesquisas apontam inclusive o contrário, mas o assunto não é consenso entre os especialistas.
Fontes: Gustavo Franco Carvalhal, urologista membro da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Ernani Rhoden, professor de urologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e chefe do Serviço de Urologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, e Eduardo Franco Carvalhal, chefe do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento.