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Coronavírus

Com nova onda de covid-19, aumenta a procura por vacinas no RS

Autoridades registram crescimento na procura por doses, mas desconhecem real impacto porque sistema de registro de vacinas do Ministério da Saúde segue fora do ar

11/01/2022 - 09h35min

Atualizada em: 11/01/2022 - 10h03min


Marcel Hartmann
Marcel Hartmann
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Antonio Valiente / Agencia RBS

 O medo da quarta onda de covid-19, gerada pelo avanço da variante Ômicron após as festas de fim ano, está levando gaúchos aos postos de saúde do Rio Grande do Sul para receber a vacina atrasada, afirmam autoridades.

Não há estatísticas consolidadas porque o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), programa do Ministério da Saúde responsável pelo registro de doses aplicadas, segue instável um mês após o ataque hacker e impossibilita o download de dados. Desde 10 de dezembro, o Rio Grande do Sul artificialmente estagnou em 70% de toda a população com duas doses.

Mas o secretário-executivo do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-RS), Diego Espindola, afirma que postos de saúde notam uma maior procura por doses vacinas contra a covid-19 – sobretudo de segundas doses e em especial de jovens, que registravam a maior abstenção. 

Especialistas vêm apontando que a nova onda de Ômicron está afetando primeiramente jovens, que são quem mais se aglomera em bares, restaurantes e festas. 

— As pessoas se assustaram com essa quarta onda, o aumento da procura por vacina é real. A gente queria que não fosse por susto do Ômicron, e sim por interesse natural. As pessoas veem as notícias, entendem que aumentou o número de casos e começam a procurar as unidades de saúde. A segunda dose nos jovens a gente tinha visto pouca adesão, agora, teremos cobertura maior — afirma Espindola.

O porta-voz dos secretários municipais da Saúde do Rio Grande do Sul acrescenta que postos de saúde aproveitam a alta procura por testagem para checar se o indivíduo está com dose atrasada e, caso o resultado dê negativo, encaminhá-lo para tomar a segunda ou terceira dose, se for o caso. 

— Quando as pessoas procuram teste, a unidade básica de saúde coloca o CPF da pessoa, vê que o esquema vacinal não está completo e tenta convencer a tomar a dose. Também aproveitamos para mobilizar as pessoas a se vacinarem contra a influenza. Temos quase 600 mil doses da vacina da influenza em unidades básicas de saúde do Rio Grande do Sul. É um número expressivo que poderia estar quase zerado — afirma. 

Antes das festas de fim de ano, segundo Espindola, a vacinação já tinha perdido a velocidade — a ponto de municípios sequer buscarem novas doses no armazém mantido pelo governo do Estado para estoque de doses.

— Após esse estouro da Ômicron, o estoque do Estado foi inclusive reforçado porque se notou aumento de procura do vacinação — informa o secretário-executivo do Cosems. 

SES diz não ter como avaliar aumento

A Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES-RS) informou que não há como avaliar aumento de procura por vacinas até que o sistema do Ministério da Saúde responsável pelo registro de doses retorne. Questionado, o governo estadual não respondeu se há aumento de procura por municípios.

Novo Hamburgo é um dos municípios que registrou aumento de procura. Em 6 de janeiro, quando a prefeitura realizou um drive-thru de vacinação, mais de 1,7 mil pessoas tomaram doses de Pfizer – normalmente, a média é de 800 por dia. O município ainda vacinou 815 indivíduos contra a influenza. A procura é tão grande que novamente será exigido comprovante de residência na cidade para se vacinar contra o coronavírus.

— As notícias que temos visto em países do mundo todo, mais o aumento significativo da procura por atendimento, estão fazendo as pessoas irem atrás da vacina. Por saberem que a Ômicron está circulando e é mais transmissível, isso desperta a consciência — afirma o secretário da Saúde de Novo Hamburgo, Nasson Luciano.

Em Lavras do Sul, município de 7,4 mil habitantes na Região Central, o secretário municipal da Saúde, Cacildo Delabary, afirma que melhorou bastante a procura por vacinas contra a covid-19 na primeira semana de janeiro. 

—  Havia certa resistência, principalmente para tomar a segunda dose. Desde que começou a aparecer a Ômicron, o pessoal começou a procurar as unidades básicas de saúde. Muitas pessoas estavam bastante receosas, mas, com essa nova onda, houve medo das pessoas com a contaminação. Aumentou também bastante a busca por terceira dose — diz Delabary.

O aumento não é isolado. Na cidade do Rio de Janeiro, a procura por vacinas cresceu 40%, informou a prefeitura carioca ao jornal O Globo. Em dois dias, mais de 1,8 mil pessoas buscaram se imunizar contra a covid-19 na cidade. Já no Estado de São Paulo, o percentual de faltosos caiu em 24%, reportou o UOL.

Em Porto Alegre, a busca por vacinas se manteve estável, com uma média de cerca de 10 mil doses diárias, segundo a prefeitura – a contabilidade é manual, já que o sistema do Ministério da Saúde caiu.


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