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Agravamento da pandemia

Internação de crianças com diagnóstico ou suspeita de covid-19 quadruplica no RS em um mês

Avanço da variante Ômicron reforça importância de vacinar os pequenos

30/01/2022 - 21h36min


Marcelo Gonzatto
Marcelo Gonzatto
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Jefferson Botega / Agencia RBS
Hospitais vêm registrando aumento de internações por coronavírus, mas ritmo é mais intenso entre as crianças

 O avanço da variante Ômicron do coronavírus no Rio Grande do Sul quadruplicou as internações hospitalares de crianças com confirmação ou suspeita da doença ao longo de janeiro. Essa é a faixa etária menos protegida pelas vacinas contra a pandemia até o momento por ter sido a última a entrar no programa nacional de imunização.

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Desde o início do ano até este domingo (30), o número de pacientes infantis em atendimento em leitos clínicos subiu 315%. Nas alas de terapia intensiva (UTIs) pediátrica, nesse mesmo período, o salto foi ainda maior e somou 325%.

Os registros do Boletim de Hospitalizações compilados pelo Comitê de Dados vinculado ao Piratini indicam que, na virada do ano, havia 20 crianças em leitos de enfermaria destinados a essa faixa etária com suspeita ou diagnóstico de covid – número que estava em 83 até o começo da tarde deste domingo (30). Nas UTIs, a cifra saltou de 12 meninos e meninas hospitalizados apenas quatro semanas atrás para 51 agora.

Segundo o boletim oficial, já houve alguns outros dias com números mais elevados de internação em setores pediátricos desde o começo da pandemia, mas foram muito pontuais.

Quando se analisam os casos em alas de enfermaria, por exemplo, havia 116 doentes no dia 8 de março do ano passado – mas, como esse número destoa muito dos dias imediatamente anteriores e posteriores (no dia 9, por exemplo, o boletim aponta 60 hospitalizados), pode haver até algum problema de notificação.

Nas UTIs, com exceção de um dado igualmente discrepante do dia 20 de março (67 internados, que no dia seguinte se reduziram para apenas 27), este é o período de maior demanda hospitalar por parte das crianças no Estado em razão da pandemia.

— Há uma pandemia dentro da pandemia, que é a dos não vacinados, ou vacinados com regime incompleto. Infelizmente, até pela demora no início da imunização desse grupo, a grande maioria das crianças ainda não está imunizada. Como temos um vírus muito transmissível, está aumentando bastante o número daquelas que adoecem — analisa o epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Petry (veja os dados abaixo).

A falta da vacinação se torna evidente quando se compara a situação dos mais jovens com a dos adultos. A quantidade de casos suspeitos e diagnosticados com covid nas UTIs cresceu menos ao longo de janeiro entre os mais velhos (146%) em comparação aos pequenos, e os cerca de 600 hospitalizados em todo o Estado em alas adultas atualmente ainda estão muito longe do teto de 2,7 mil registrado em março do ano passado, quando a imunização ainda estava começando.

O pediatra e membro da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul José Paulo Ferreira lembra ainda que as características imunológicas das crianças as preservavam em maior grau da doença causada por outras variantes, que atingiam mais os pulmões, em comparação com a Ômicron, que afeta em maior nível as vias aéreas superiores.

— A criança não reagia tão fortemente às variantes anteriores do vírus, que atacavam mais os pulmões. Agora, é mais parecido com um gripão — afirma Ferreira.

Os óbitos seguem raros entre os mais jovens, embora possam ocorrer. Outra questão a ser melhor esclarecida é até que ponto os pequenos poderão ser afetados por sequelas da chamada covid longa. Por isso, o especialista recomenda aos pais e responsáveis que garantam a vacinação dos filhos.

— Temos de reagir com as armas que temos, e a melhor arma até o momento são as vacinas — afirma Ferreira.

Paulo Petry recomenda ainda manter outros cuidados básicos como distanciamento, uso adequado de máscaras de boa qualidade e bem ajustadas ao rosto, higienização das mãos e ventilação dos ambientes.

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