De cinco a 11 anos
Ministério da Saúde prevê início do envio das doses de vacina contra a covid-19 para crianças em 14 de janeiro
Pasta voltou atrás na exigência de prescrição médica, mas recomenda consulta ao médico e presença de pais no ato da vacinação
O Ministério da Saúde afirmou, nesta quarta-feira (5), em entrevista coletiva, que a vacinação contra a covid-19 em crianças de cinco a 11 anos começará em janeiro com 3,7 milhões de doses pediátricas do imunizante da Pfizer. As vacinas devem começar a chegar ao país a partir do dia 10. A expectativa é de que essas doses estejam aptas para envio aos municípios a partir do dia 14 de janeiro — a informação foi dada pelo secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz.
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No Brasil, a vacinação dessa faixa etária não será obrigatória. Além disso, a pasta voltou atrás e decidiu não exigir mais prescrição médica para a imunização infantil, conforme já havia antecipado GZH. Agora, a orientação é de que os pais procurem a recomendação prévia de um médico antes da imunização e se façam presentes na vacinação para manifestar concordância – tudo isso, porém, sem cobrança de nenhum documento.
No caso de pais ou responsáveis não presentes no momento da aplicação da dose, será necessária uma autorização por escrito, ainda segundo a pasta.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (5) durante coletiva de imprensa em Brasília, 20 dias após a aprovação da vacina pediátrica da farmacêutica Pfizer pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Ministério da Saúde afirma que encomendou, neste primeiro momento, mais de 20 milhões de vacinas pediátricas da Pfizer, com entrega prevista para o primeiro trimestre do ano – a quantidade é suficiente para aplicação da primeira dose na faixa etária de cinco a 11 anos.
Segundo estimativa do IBGE, divulgada pela pasta, no Brasil há cerca de 20,5 milhões de crianças nessa faixa etária. Portanto, serão necessárias mais de 40 milhões de doses para imunização dos pequenos.
— Não tem como chegar 40 milhões de doses de uma única vez, a Pfizer não entrega. E como foi feito com outras faixas etárias em outros momentos da campanha, as vacinas foram chegando, foram sendo distribuídas e foram sendo aplicadas de maneira intempestiva, sem atraso — afirmou o ministro Marcelo Queiroga.
No Rio Grande do Sul, pela estimativa da pasta feita com base nos dados do IBGE, são mais de 968,9 mil crianças de cinco a 11 anos que poderão receber a vacina. O Estado representa 4,73% da população total brasileira nessa faixa etária. A distribuição das vacinas pelo Ministério da Saúde entre os Estados e o Distrito Federal vai respeitar esse coeficiente de representatividade.
Das 20 milhões de doses previstas para o primeiro trimestre, 3,74 milhões devem chegar ao país ainda em janeiro, segundo ministério. Em 13 de janeiro, chegarão 1,248 milhão de doses. No dia 20, 1,248 milhão. Já no dia 27, mais 1,248 milhão.
As vacinas possuem uma dosagem três vezes menor que as doses da farmacêutica já utilizadas no país desde maio do ano passado. Além disso, os frascos possuem tampa de cor laranja, justamente para diferenciar do imunizante dos adultos e dos adolescentes, que tem frasco roxo.
Como será a imunização
A vacinação das crianças seguirá uma ordem, que avançará conforme a chegada das doses pediátricas enviadas pela Pfizer ao Brasil. Serão vacinadas, primeiramente:
/// Crianças de cinco a 11 anos com deficiência permanente ou com comorbidades;
///Crianças indígenas e quilombolas;
///Crianças que moram junto com pessoas que possuem alto risco para a covid-19, como idosos, por exemplo.
Em seguida, a imunização será ampliada para crianças sem comorbidades, na seguinte ordem:
/// 10 a 11 anos;
/// oito a nove anos;
/// seis a sete anos;
/// cinco anos.
O esquema vacinal será de duas doses, a serem aplicadas em um intervalo de oito semanas (dois meses), segundo o Ministério da Saúde. A recomendação é diferente da que consta na bula da vacina pediátrica da Pfizer aprovada pela Anvisa, quando o intervalo orientado é de 21 dias (três semanas).
A secretária extraordinária de enfrentamento à covid, Rosana Leite de Melo, afirmou que o maior tempo entre uma dose e outra aumenta a proteção da vacina. Além disso, a decisão tem a ver com o cenário epidemiológico e com o risco de complicações.
— O risco de se desenvolver uma miocardite é menor quando você amplia esse intervalo de tempo (entre as doses). É um evento raro, sim, mas nós queremos minimizar o máximo possível —afirmou.
Outras recomendações
Nas salas de vacinação, os profissionais de saúde terão que cumprir uma série de recomendações impostas pela Anvisa e acatadas pelo Ministério da Saúde.
Entre elas, estão a destinação de uma sala exclusiva para vacinação das crianças contra a covid-19 e o treinamento dos profissionais que irão aplicar as doses; que seja evitada a imunização no formato drive-thru; e que crianças sejam acolhidas e permaneçam no local da vacinação por 20 minutos após a aplicação da dose.
— É um novo produto, não é a mesma vacina do adulto. estamos com agendamento com as macroregiões estaduais para dar a eles todas as informações técnicas necessárias e o treinamento necessário sobre esse imunizante — afirmou Arnaldo Correa de medeiros, secretário de vigilância em saúde, sobre o treinamento dos profissionais envolvidos na vacinação.
Além disso, o governo federal orienta que as crianças que completarem 12 anos entre a primeira e a segunda dose, permaneçam com a dose pediátrica da vacina da Pfizer. E que a vacina covid-19 não seja administrada de forma concomitante a outras vacinas do calendário infantil, por precaução, sendo recomendado um intervalo de 15 dias.
Mudança
A mudança de posicionamento sobre a prescrição médica veio um dia após a realização da audiência pública que debateu a vacinação de crianças contra o coronavírus junto com sociedades médicas e outras entidades.
Na ocasião, a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, afirmou que a maioria dos participantes da consulta pública, aberta na última semana de 2021, se disse contrária à exigência da receita médica – mais de 99 mil contribuições foram coletadas pela pasta.
Em dezembro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, havia anunciado que a apresentação dos documentos seria exigida nos postos de saúde, gerando repercussão negativa entre estados e municípios. Muitos afirmaram que não iriam cobrar a receita médica dos pais quando a aplicação das doses começasse – o Rio Grande do Sul estava nessa lista.