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Variante Ômicron é menos agressiva para os pulmões, dizem estudos

Seis grupos de pesquisa indicam que a cepa se multiplica mais na garganta e causa doenças menos graves

03/01/2022 - 08h49min

Atualizada em: 03/01/2022 - 08h51min


GZH
Paul ELLIS / AFP
A dose de reforço é um dos pilares para a proteção contra a variante Ômicron do coronavírus

Estudos recentes apontam que a variante Ômicron tem menos possibilidades de causar danos aos pulmões. Seis pesquisas, sendo quatro publicadas desde o Natal, descobriram que a nova cepa do coronavírus não causa tantos danos aos pulmões das pessoas infectadas quanto a Delta ou outras variantes anteriores. Os estudos ainda precisam ser revisados ​​por outros cientistas para garantir maior credibilidade.

— O resultado de todas as mutações que tornam a Ômicron diferente das variantes anteriores é que ela pode ter alterado sua capacidade de infectar diferentes tipos de células — disse Deenan Pillay, professor de virologia da University College London, ao jornal britânico The Guardian.

O acadêmico também que o vírus parece ser mais capaz de infectar o trato respiratório superior, onde estão as células da garganta:

— Ele se multiplicaria nas células (da garganta) mais prontamente do que nas células do pulmão. Isso é realmente preliminar, mas os estudos apontam na mesma direção — afirmou.

Uma variante que se reproduz mais em células da garganta se torna mais transmissível, o que explica a rápida disseminação da Ômicron. Por outro lado, vírus que se propagam no tecido do pulmão tendem a ser mais perigosos, porém, menos transmissíveis.

Membros do Grupo de Pesquisa de Virologia Molecular da Universidade de Liverpool publicaram uma pré-impressão no The Guardian que mostra a Ômicron levando a "doenças menos graves" em camundongos. O artigo mostrou que os ratos infectados com a variante perdem menos peso, têm cargas virais mais baixas e apresentam pneumonias menos graves.

O teste no animal sugere que a doença é menos grave do que a causada pela Delta e a cepa original que surgiu em Wuhan, no início da pandemia. 

— É uma peça do quebra-cabeça — disse o professor James Stewart, que participa da pesquisa. — Os animais se recuperaram mais rapidamente e isso se relaciona com os dados clínicos que estamos recebendo.

Ele também ressalta que apesar da baixa letalidade da variante, é importante manter os cuidados de proteção social:

— As primeiras indicações são de que é uma boa notícia, mas não é um sinal para baixar a guarda, porque se você for clinicamente vulnerável, as consequências ainda não são ideais (há mortes por Ômicron). Nem todo mundo pode arrancar suas máscaras e festejar — salientou.

O Neyts Lab da Universidade de Leuven, na Bélgica, encontrou resultados semelhantes em hamsters sírios, com uma carga viral mais baixa nos pulmões em comparação com outras variantes. Pesquisadores americanos submeteram à revista Nature na semana passada uma pré-impressão, após descobrirem também que os ratos com Ômicron perderam menos peso e tiveram uma carga viral mais baixa.

Pesquisadores do Centro de Pesquisa de Vírus da Universidade de Glasgow, na Escócia, encontraram evidências de que a variante mudou a forma como entra no corpo. A Ômicron provavelmente infectaria pessoas que receberam duas doses da vacina, mas a dose de reforço deu uma "restauração parcial da imunidade".

A grande quantidade de pesquisas baseia-se em um estudo da Universidade de Hong Kong realizado no mês passado, mostrando menos infecção por Ômicron nos pulmões, e em pesquisas lideradas pelo professor Ravi Gupta da Universidade de Cambridge, cuja equipe investigou amostras de sangue de pacientes vacinados. Eles descobriram que a variante é capaz de se sobrepor às vacinas, mas menos eficaz para entrar nas células pulmonares.


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