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Crise apertou

Cerepal tem serviços paralisados por atraso de salários

Entidade oferece reabilitação física e intelectual e está passando por dificuldades financeiras

16/02/2022 - 05h00min

Atualizada em: 16/02/2022 - 05h00min


Félix Zucco / Agencia RBS
Para driblar a situação, o centro busca um reajuste nos valores que recebe de alguns órgãos públicos

Reflexo da crise financeira enfrentada pelo Centro de Reabilitação de Porto Alegre (Cerepal), os trabalhadores do local estão paralisando alguns serviços a partir desta quarta-feira (16). Os funcionários não receberam o salário de janeiro e ainda não há previsão de quando a situação será regularizada. A instituição, sem fins lucrativos, atende crianças e adultos com paralisia cerebral da Capital e de outras regiões do Estado e também oferece reabilitação intelectual.

As terapias (fisioterapia, terapia ocupacional, entre outras) e os serviços da escola não serão realizados. Já as triagens via Gerenciamento de Marcação de Consultas (Gercon) e as avaliações de primeira consulta da fisioterapia serão mantidas.

Segundo o fisioterapeuta Marco Antonio Mendes, funcionário do centro, a decisão por enquanto é de paralisar por tempo indeterminado até a equipe ter um retorno sobre quando os salários serão recebidos.

— Vai depender muito do desenrolar dos próximos dias porque também temos a consciência de que não podemos manter um mês de paralisação, que isso viria a prejudicar muitas pessoas, tanto os pacientes quanto talvez a própria instituição — ressalta.

Não é a primeira vez que ocorre atraso. O valor que deveriam receber referente ao mês de dezembro, por exemplo, foi pago no final de janeiro em duas parcelas. Na época, porém, havia uma previsão de data para o pagamento, revela Marco.

(Agora) O que nos assusta é que nós não temos previsão nenhuma — destaca.

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Convênios

A verba vem dos convênios que o Cerepal mantém com a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) e com as secretarias de Educação e de Saúde de Porto Alegre. Segundo a presidente do centro, Regina Rosa da Costa, o local não recebeu os repasses referentes a janeiro de nenhum dos órgãos.

Em reportagem publicada no início do mês, ela explicou que o centro tem uma dívida em encargos (valores para além do salário, destinados a funcionários) e que, com essa pendência, o local não consegue emitir certidões de prestação de contas aos convênios com as entidades. Assim, fica sem os repasses de valores.

Diante da situação financeira, a solução, defende a presidente do Cerepal, passaria por uma revisão dos contratos com os órgãos parceiros. 

Félix Zucco / Agencia RBS
Instituição fica na Rua Brigadeiro Oliveira Neri, no bairro Passo d'Areia, em Porto Alegre

Aguardando respostas

O pedido de reunião com a secretaria municipal de Saúde foi atendido na manhã de terça-feira (15). Sobre a situação junto à Fasc, houve um encontro no último dia 9 e a fundação ficou de dar uma resposta desde então, conforme esclarece Regina. Quanto ao convênio com a secretaria municipal de Educação, a presidente do Cerepal diz que não foi cobrada a certidão, mas que também não houve repasse.

Além da dívida com encargos trabalhistas, as quantias pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo convênio com os órgãos não suprem os custos:

— Todos os meses falta para nós R$ 70 mil no mínimo, isso não contando a parte de custeio de água, luz, telefone, internet, a parte de manutenção de equipamento — afirmou Regina à reportagem no início do mês.

Contrapontos

Por meio de nota, a Fasc informou que possui convênio com o Cerepal desde 2017, ofertando 67 vagas em serviços socioassistenciais. "O Cerepal recebe mensalmente R$ 50.698,14 — destinados do Fundo Municipal de Assistência Social e Fundo Nacional de Assistência Social; reajustado em 6% a partir de abril de 2021. Diante de dificuldades da instituição, a direção da Fasc já recebeu os dirigentes do Cerepal para tratar a continuidade dos repasses. A próxima reunião acontece na quinta-feira (17), reunindo Fasc e demais secretarias envolvidas", afirmou a fundação.

A Educação explicou que possui dois termos de colaboração com o Cerepal. Um deles é para atendimento de 34 crianças e adolescentes entre quatro e 21 anos incompletos, com paralisia cerebral, para o qual é repassado mensalmente R$ 27.534,90. Por meio do outro termo — para atendimento de quatro portadores de encefalopatia infantil de características crônicas, oriundos do SUS — o repasse mensal é de R$ 796,88. "Os últimos pagamentos foram realizados em janeiro/22, nos valores de R$ 29.946,45 e R$796,88. Os pagamentos de fevereiro serão realizados nos próximos dias", completou.

Já a Saúde informou que "possui contrato com o Cerepal e que todos os repasses financeiros estão em dia". Segundo Regina, os valores recebidos até o momento são referentes a dezembro e não a janeiro de 2022. Conforme a nota da secretaria, o centro recebe um incentivo federal de R$ 140 mil por mês, por ser um centro de reabilitação habilitado pelo Ministério da Saúde. "Além disso, eles recebem um valor por cada atendimento realizado, o valor pago é conforme a Tabela SUS Nacional", acrescentou. 

Produção: Isadora Garcia


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