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Situação nos hospitais

Dois a cada três hospitalizados por covid-19 no RS tomaram uma ou nenhuma dose de vacina

Restam 30% não vacinados ou indivíduos com uma dose no Estado, mas eles compõem a maior parte das internações

01/02/2022 - 10h30min

Atualizada em: 01/02/2022 - 10h37min


Marcel Hartmann
Marcel Hartmann
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Félix Zucco / Agencia RBS

Dois a cada três hospitalizados por covid-19 no Rio Grande do Sul ao longo de janeiro não se vacinaram ou tomaram apenas uma dose contra o coronavírus, mostra estudo realizado pelo governo do Estado, divulgado neste fim de semana. Os dados confirmam estudos conduzidos por laboratórios e estatísticas de outros países: imunizantes em uso pelos brasileiros protegem contra casos graves da doença.

Entre 1.884 hospitalizados por covid-19 em leitos clínicos e Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no Rio Grande do Sul, quase 65% eram não vacinados ou haviam recebido apenas uma dose, mostra levantamento inédito realizado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) com dados de 1º a 27 de janeiro.

 Hospitalizados com duas doses, sem reforço, representam 8% dos pacientes. Já os internados com três doses ou dose única e reforço compuseram 27% dos pacientes com casos graves de coronavírus – são, no geral, indivíduos mais idosos ou adultos com doenças graves e que se recuperam mais rápido do que em outras ondas, segundo profissionais que atuam na linha de frente de hospitais.

O médico Alexandre Zavascki, chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), chama a atenção para um importante contexto: há menos gaúchos não vacinados ou com apenas uma dose, mas, mesmo assim, são eles os que mais internam por covid-19 no Estado.

Dados da Secretaria Estadual da Saúde mostram que apenas cerca de 27% dos gaúchos não se vacinaram ou tomaram apenas uma dose, mas eles compõem 65% dos internados por covid. Enquanto isso, quase 73% da população gaúcha tomou duas ou três doses, mas essa parcela representa 35% das internações. 

Zavascki destaca que, em geral, quem toma três doses e interna são idosos acima dos 75 anos ou indivíduos com comorbidades mais graves, como obesidade, insuficiência renal ou pacientes com câncer e transplantados de órgãos. 

— Esses pacientes, quando vão para ventilação mecânica, vão muito melhor do que em outras ondas. A ventilação mecânica pode ser mais pesada ou mais leve, por mais ou menos tempo. A impressão é de que esses processos estão menos acentuados. Quem interna é bem mais fragilizado em comparação com a onda da variante Gama, quando havia jovens com quadro gravíssimo. Agora, são idosos que, pela fragilidade, requerem hospitalização, mas com quadro com resolução mais rápida. Precisam de apoio por um tempo, mas lidam bem melhor com a doença — explica. 

Estatísticas de vacinados em hospitais não haviam sido noticiadas até agora porque apenas as Secretarias Estaduais de Saúde e o Ministério da Saúde podem acessar dados sigilosos do sistema responsável por hospitalizações, o Sivep-Gripe, e cruzá-los com o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). 

Com isso, governos conseguem verificar o nome do indivíduo internado e checar, no SI-PNI, se ele foi vacinado – analistas externos, como imprensa e pesquisadores, não podem acessar o nome dos pacientes por questões de privacidade. Em Porto Alegre, a prefeitura também fez análise semelhante e descobriu que o risco de internação em UTI é 16,4 vezes maior para não vacinados.

O médico epidemiologista Ricardo Kuchenbecker, gerente de risco no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, destaca que os dados mostram, em vida real, o impacto da vacinação para evitar casos graves e mortes. 

— Como são dados de janeiro, estamos olhando para os efeitos da infecção pela Ômicron. Isso é um dado importante para a população: os esquemas vacinais completos, com reforço, efetivamente protegem. O benefício das vacinas está dado, está aí. As pessoas vacinadas que internam, de maneira geral, têm menos necessidade de ventilação mecânica e de UTI — reforça Kuchenbecker.


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