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Revitalizada

Estátua do Laçador é devolvida oficialmente à cidade

Monumento de Porto Alegre, que voltou a seu sítio em 11 de janeiro, precisou passar por mais alguns ajustes e foi entregue em evento nesta quinta-feira

18/02/2022 - 08h44min

Atualizada em: 18/02/2022 - 08h46min


Carlos Redel
Carlos Redel
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Anselmo Cunha / Agencia RBS

Mais de 30 dias depois de retornar ao seu sítio, na Avenida dos Estados, após quase quatro meses fora de casa para restauros, o Laçador foi finalmente foi devolvido oficialmente para a cidade nesta quinta-feira (17), às 18h30min. O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, esteve presente para receber de volta o símbolo gaúcho revitalizado.

Promovido pela Associação Sul Riograndense da Construção Civil e viabilizado pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), o restauro foi concluído e a obra devolvida para a prefeitura, que deverá ser responsável pelo entorno do monumento, por meio de um edital de adoção da área por uma empresa privada. A entrega do Sítio do Laçador revitalizado ainda não tem data para ocorrer. 

— Estamos procurando reestabelecer os espaços urbanos. Queremos que as pessoas venham visitar o espaço do Sítio, mas, para isso, tem que ter atratividade. Isso aqui não pode ser um estacionamento como é hoje. E não vai ser – declarou Melo.

Com as falhas estruturais totalmente consertadas, o monumento inspirado em Paixão Côrtes e construído por Antônio Caringi foi removido do Sítio do Laçador, próximo ao Aeroporto Salgado Filho, em setembro de 2021 para passar por uma série de restauros na Avenida Severo Dullius. Por lá, ele ficou mais de cem dias. 

A estátua retornou para o seu lar em 11 de janeiro deste ano e, desde então, passou por mais alguns ajustes, que podiam ser feitos apenas com a luz do sol. Firme, forte e com as falhas estruturais totalmente restauradas, o portento de bronze de 4,4 metros de altura e cerca de 3 toneladas —  ficou mais leve depois dos consertos —  começou a sair do seu isolamento um pouco antes das 17h, quando se iniciou a remoção dos andaimes que o cercavam e o banner que o cobria. 

Assim que as proteções foram removidas, foi possível ver que o Laçador, agora, apresenta uma cor mais escura, graças ao jateamento de cera protetiva que o envolve, assim como um brilho mais intenso, além dos detalhes mais definidos — a assinatura do escultor Antônio Caringi, abaixo do pé esquerdo da estátua, agora, tem mais destaque, podendo ser vista com mais facilidade, por exemplo.

Os próximos passos 

De acordo com Zalmir Chwartzmann, coordenador do Projeto Construção Cultural — Resgate do Patrimônio Histórico, o qual foi responsável pelo restauro do Laçador, o trabalho no monumento está concluído e, agora, cabe à prefeitura trabalhar no entorno da estátua. Ele, que se diz orgulhoso de ter trabalhado em uma obra desta importância para o Estado, explicou que a demora para a devolução do portento para a cidade se deu por conta da covid-19: os responsáveis pelo laço da estátua e pelo jato de cera na mesma se contaminaram com o vírus e, por isso, o prazo inicial, que seria de até duas semanas, estendeu-se para mais de 30 dias. 

Porém, ele acredita que a espera valeu a pena, uma vez que o símbolo gaúcho deve seguir imponente para receber e se despedir dos turistas por muito tempo: 

— Uma data de validade? Eu, provavelmente, não estarei mais vivo para ver o Laçador precisar de um novo restauro. As próximas décadas estão garantidas, desde que ele passe por manutenções frequentes, assim como um carro. 

Agora, com a bola no pé da prefeitura, o secretário municipal de Cultura, Gunter Axt, destaca que o Sítio do Laçador já passou por uma revitalização importante, como a coxilha que estava cedendo e foi consertada, a grama que foi trocada, assim como o mobiliário urbano. Os próximos passos, segundo ele, devem ser uma iluminação cênica, que deve ser entregue nas próximas semanas, além do edital aberto pela Secretaria Municipal de Parcerias, para escolher uma empresa que vai adotar a área, que vai administrar o local no futuro.  

— Nós tínhamos imaginado fazer uma entrega oficial, com shows e tudo mais, mas desistimos em razão do cenário de pandemia. Nós não sabíamos o que ia acontecer. Agora, com certeza, a gente vai se reprogramar pra isso. Faremos um evento cultural importante, em algum momento, para reunir as pessoas — afirma Axt, enfatizando que um dos projetos para o espaço é a reinstalação do mirante para fazer selfies próximo ao Laçador. 

A secretária de Parcerias Ana Pellini, falou que os projetos do edital serão entregues pelas empresas no próximo dia 28, e o melhor deles será escolhido para adotar a área. Ela acredita que, provavelmente, uma das propostas deverá prever alguma ativação para o local no aniversário da cidade. 

— A gente sabe que será mais de uma empresa interessada porque é um local muito privilegiado aqui. E acho que vai ficar bem bacana, porque essas empresas adotam com o objetivo de divulgar a sua marca. Então, elas não vão fazer uma coisa feia. A nossa expectativa é muito positiva — projeta a secretária. 

— É parecido com o que foi feito com o muro da Mauá — compara Axt. 

Já o prefeito Sebastião Melo acredita que, independentemente do resultado do edital, para o aniversário de Porto Alegre, o Sítio do Laçador deverá contar, “com certeza”, com feiras, brechós e um gaitaço. 

— A gente vai tornar esse espaço aqui em um lugar aprazível, ou seja, para o turista que chega e o turista que sai, ou o porto-alegrense também. Agora, tem que ter atratividade. Vai ter um café? Não sei. Vai ter um souvenir? Não sei. Mas o sujeito que chega aqui tem que ter um espaço para tirar uma foto com o símbolo — reforça o prefeito, que elogia a obra: — O Paixão está bonito, está recuperado. É um orgulho para nós o Paixão. 

A restauração 

Os problemas no monumento criado pelo escultor Antônio Caringi, tombado como patrimônio histórico de Porto Alegre em 2001, foram conhecidos ainda em 2016. Em março de 2017, uma pesquisa preliminar deu o ultimato: era necessário que os reparos fossem realizados dentro de uma década, antes que a estátua corresse o risco de desabar. Participaram da análise a engenheira metalúrgica Virginia Costa e o restaurador francês Antoine Amarger, autoridade mundial no assunto. 

Em 2021, finalmente a ideia saiu do papel. Viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul, a proposta de restauro fez parte da plataforma Resgate do Patrimônio Histórico, criada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS). Segundo a prefeitura, houve investimento privado de R$ 803 mil por meio do mecanismo de financiamento estadual, além de um aporte do Executivo da Capital de cerca de R$ 90 mil. 

Responsável técnica pelo projeto, Verônica Di Benedetti afirmou que as rachaduras que infligiam o monumento foram consequência de um erro: em 2007, quando a estátua deixou o cenário da Avenida Farrapos com a Avenida Ceará e passou a integrar a Avenida dos Estados, obreiros teriam colocado argamassa de cimento com resto de tijolo dentro do monumento, até a altura da bombacha. Exposto em área externa, o material foi trabalhando ao longo dos anos e, em dado momento, começou a se romper. 

Para resolver o problema, o Laçador foi aberto para que restauradores retirassem o cimento de dentro dele. Além disso, o monumento ganhou uma estrutura de aço inoxidável para reforçar sua sustentação, teve suas fissuras fechadas com soldas e recebeu uma pátina para conservação.


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