Coluna da Maga
Magali Moraes e os adesivos na janela
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Bora dar um pulinho nos anos 1980 e 1990? Se você cresceu nessa época, a moda era encher a janela do quarto com adesivos. Quanto mais, melhor. Era um certificado de adolescente. Todas as marcas desejadas estavam grudadas pra sempre no vidro. Por que enxergar a vista lá fora, se tudo o que importava estava do lado de dentro? Posters colados na parede. Mural de cortiça com fotos impressas, bilhetes e recortes. Torre de CDs, luminária de lava, colcha de chenile na cama.
Enquanto as crianças sonhavam com o teto do quarto revestido de adesivos que brilhavam no escuro, os adolescentes corriam atrás de adesivos de suas marcas preferidas pra forrar o vidro. Alguns, a mesada comprava. Outros, as lojas davam nas compras. Os adesivos ligados ao surf eram especialmente disputados. O tempo passava, e suas bordinhas começavam a levantar. Pensa em poluição visual e a gurizada feliz. Para ser descolado, tinha que colar tudo e mais um pouco na janela.
Marcantes
Vivi essa tendência durante a minha adolescência nos anos 80, já não lembro se exagerei na dose. Acho que foram poucos, mas marcantes (que marcaram bastante os vidros, isso eu sei). É que eu gostava de espiar a rua. A moda passava, e eles seguiam lá grudados. A colinha era boa. No final dos anos 90, eu já era mãe e liberei a colagem de adesivos do Pokémon e outros hits infantis nas janelas. Longe de mim traumatizar os filhos, que depois de barbudos ainda caçaram muitos Pokémon online.
Será que esses adesivos nas janelas foram os precursores dos stickers e figurinhas que hoje em dia nós gostamos tanto de usar nas redes sociais e no Whatsapp? Tipo assim um gatilho da infância e adolescência? Seguimos com vontade de marcar e personalizar. Com a vantagem de agora ser bem mais fácil remover. Às vezes, me pego olhando pra janelas desconhecidas nos prédios e casas, em busca de algum adesivo remanescente. Pura nostalgia dar umas voltinhas no tempo.