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PAPO RETO

Manoel Soares e o vendaval de $$$

Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados

05/02/2022 - 05h30min


Manoel Soares / Arquivo Pessoal
Como diria Paulinho da Viola, "Dinheiro na mão é vendaval"

Sentei para almoçar essa semana na Rua da Praia, no Centro Histórico de Porto Alegre, e na minha frente tinha um casal. Eles estavam pedindo comida, assim como muitos nas ruas perto da Praça da Alfândega. Duas moças ao lado se comoveram e decidiram pagar uma à la minuta para o casal. Eles estavam felizes por ter uma refeição bacana e decente, enquanto esperavam combinavam se comeriam de garfo ou colher. Eu ouvia tudo admirado de como o amor deles floria em meio à exclusão que virou nossa Capital. 

Quando chegou a comida, ele a serviu e decidiu que os talheres que vieram seriam dela. Ao ver isso o garçom trouxe outros talheres e deu uma latinha de refrigerante por conta da casa. Estávamos nas mesinhas de fora e alguns outros moradores de rua chegaram neles para pedir dinheiro. Eles tiveram que explicar que não tinham por também serem pessoas em situação de necessidade, mas essa negativa vinha com um leve sorriso de se sentir visível e confundido com alguém que não era o necessitado. 

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Ao sair da mesa, as moças que deram a à la minuta resolveu deixar com eles o valor de R$ 10, e foi nesse momento que tudo virou. A moça pediu o dinheiro para ela e o rapaz disse que era dos dois. Ela começou a chamar ele de ladrãozinho e que, se ele não desse, iria furar o olho dele. Indignado, ele levantou a mão para bater nela e nesse momento eu interrompi a briga. Ele jogou a comida dela no chão e ela atirou o garfo no rosto dele, que saiu xingando pela rua. 

A conclusão que cheguei é que bastou a grana entrar na história para tudo que era harmonia e beleza ficar feio é agressivo. Infelizmente, você, que está lendo, tem histórias de relações que foram poluídas pela grana. Como diz Paulinho da Viola: “Dinheiro na mão é vendaval”.


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