O primeiro livro que li em 2022 entrou para minha lista de melhores da vida. A Biblioteca da Meia-Noite, de Matt Haig, é tão intrigante quanto incômodo. Isso porque mexe com uma das perguntas que mais fazemos ao longo de nossa existência: "E se...?"

A protagonista, Nora, tem 35 anos e está totalmente sem perspectivas. Sozinha, com um emprego que odeia e brigada com os poucos amigos e o único irmão, ela chegou ao fundo do poço, por isso toma uma decisão desesperada. E é aí que depara com um lugar repleto de possibilidades. Entre a vida e a morte, há uma biblioteca, onde cada livro é a oportunidade de mudar uma decisão e, consequentemente, ter um caminho diferente pela frente.

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Tentador, não é? E também angustiante. Quantas vezes paramos para pensar como seria dizer "sim" a outra proposta de emprego, fazer outra faculdade, morar em outro lugar... Mas garanto, a frase "se eu pudesse, teria feito diferente" é muito mais um gatilho para ansiedade do que uma desculpa para os erros que cometemos.

Conjugar o "e se" no passado nos mantém estagnados e arrependidos por coisas que não estão mais ao nosso alcance. Agora, fazer do "e se" uma porta para o futuro, isso sim é uma porta para várias oportunidades. O leque se abre, escolhemos uma carta _ que pode ser boa ou ruim _ e seguimos para a próxima jogada. Afinal, as decisões se apresentam para nós todos os dias, das mais simples (como salada ou pizza?) às mais complexas (aceito a vaga de emprego em outra cidade?).

Na obra de Matt Haig, o "Livro dos Arrependimentos" de Nora vai diminuindo de tamanho conforme ela vivencia outras escolhas. Não porque tenha acertado ou errado, mas sim pelo fato de aceitar suas escolhas sem lamentá-las. Só assim enxergaremos como o futuro é repleto de novas chances, todos os dias.