Efeito da Ômicron
RS registra mais 105 mortes por covid-19; número reflete explosão de casos de janeiro
Estado tem média móvel de 49,6 mortes por dia, a maior desde o fim de julho do ano passado
O Rio Grande do Sul contabilizou, nesta terça-feira (8), 105 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. Desde 13 de julho de 2021 o Estado não registrava tantos óbitos em um único dia.
Com a atualização, o Rio Grande do Sul atinge a média móvel de 49,6 mortes por dia. Essa é a maior média diária de mortes desde o fim de julho do ano passado. O cálculo de média móvel é usado por especialistas e governos para avaliar o comportamento dos novos casos e mortes confirmados diariamente, visto que, em alguns dias da semana há mais inclusões de dados no sistema do que em outros.
Apesar da alta crescente nos óbitos, o patamar atual ainda é mais baixo do que nos piores momentos da pandemia em 2020 e 2021. No ano retrasado, a maior média de mortes foi atingida em 20 de dezembro: com o valor de 70,4. Em 2021, o Estado bateu a média de 302,6 mortes por dia, por covid-19, em 1o de abril.
O indicador de mortes é classificado como “tardio” por epidemiologistas e infectologistas pelo fato de ser o último a refletir mudanças de comportamento na pandemia. Assim, o aumento no número de mortes atual em geral reflete a alta no contágio nas semanas anteriores.
— O que provavelmente estamos tendo de mortes agora reflete a intensa transmissão do vírus que vimos no início de janeiro. Agora estamos vendo o impacto da transmissão na mortalidade. Contudo, como temos um contingente grande de pessoas imunizadas, devemos manter uma distância grande entre o número de casos e as internações em UTIs e mortes. Acredito que não passamos pelo pico de mortes ainda, mas que, ao longo deste mês, tenhamos uma redução — avaliou o infectologista Ronaldo Hallal.
Casos
O Estado também registrou, nesta terça-feira, mais 16.351 novos casos. Isso eleva a média móvel para 17.404,9 novos casos. A média móvel de casos oscila há onze dias em patamar elevado, mas sem bater novos recordes. O último pico foi registrado em 28 de janeiro, com média de 17.686,4 novos casos.
Tanto os indicadores de casos quanto de internações têm mostrado desaceleração da pandemia no Estado. O cenário de piora acelerada percebido nas primeiras semanas de janeiro tem dado lugar, nos últimos dias, a uma alta mais suave das curvas, inclusive com melhoras pontuais. Segundo Hallal, o comportamento da pandemia no Estado deve ficar mais claro dentro de duas semanas.
— Não dá para afirmar ainda que esteja caindo o número de casos. Precisamos observar mais uns 15 dias para ter uma ideia mais clara. Uma das razões é a instabilidade nas notificações de casos. E o dado depende também da oferta de testes de covid da rede. É preciso ter ainda cautela para identificar um real platô e uma tendência de redução — acrescentou Hallal.