Direto da Redação
Ana Müller: "Desfecho para a morte de Rafael"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
A previsão era de que o júri da mãe acusada de matar o filho em Planalto, no norte do RS, tivesse cerca de quatro dias de duração. Mas não levou mais de 11 minutos. Esperava-se que a morte de Rafael Winques, 11 anos, tivesse um desfecho após quase dois anos do crime. Não foi o que aconteceu. Os advogados da ré Alexandra Dougokenski abandonaram o plenário, fazendo com que o caso fique mais tempo sem resposta.
Havia muita expectativa sobre esse júri. Só a Redação Integrada de Porto Alegre viajou para Planalto para cobrir o julgamento com três repórteres, fotógrafo e dois motoristas. Cabia a eles manter você, leitor do DG, a par sobre o que aconteceria em cada sessão. Matéria enviada por eles trouxe a informação de que o Tribunal de Justiça gastou R$ 160 mil para preparar o julgamento. Ou seja, para contratar uma empresa para organizar o júri, para transformar a sede do Independente Futebol Clube num lugar adequado, para transporte, aluguéis, diárias. Tudo isso com grana pública.
Áudio
A defesa da ré quer que seja feita perícia num áudio supostamente de Rafael extraído do celular do pai dele no dia seguinte ao do crime. A juíza negou pedido, alegando que essa gravação está no processo desde 2020 e que essa análise poderia ter sido solicitada antes. Foi a negativa que motivou o abandono do plenário.
Rafael não é o primeiro a ser assassinado cujos pais respondem pelo crime. Em 2014, Bernardo Boldrini, 11 anos, foi morto. O pai e a madrasta estavam entre os réus pelo crime. Mais recentemente, em julho de 2021, Miguel dos Santos Rodrigues, sete, foi assassinado. Mais uma vez, mãe e madrasta são acusadas pelo homicídio.
Não é normal crianças morrerem. Menos ainda, pais serem os réus. Casos como esses precisam de desfecho, para que não morram outros meninos como Rafael, Bernardo e Miguel.