Coluna da Maga
Magali Moraes: com ou sem máscara?
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Não sei você, mas eu vou continuar usando máscara em locais fechados e sempre que me sentir desconfortável perto de muita gente em ambientes abertos. A precaução segue sendo bem-vinda. Levei tempo pra me acostumar com elas. Usei todos os modelos e me apeguei. Enjoei das máscaras de tecido, nunca gostei da PFF e seus vincos no rosto, me adaptei melhor às descartáveis. Ainda guardo duas máscaras lindas de lantejoulas, uma preta e uma dourada. Talvez use numa festa à fantasia.
Estamos em mais uma fase de adaptação. Depois de dois anos com bocas e narizes cobertos, desacostumamos a ver dentes sujos de comida ou até de batom. Falando nisso, os batons que andaram sumidos (e eram vistos apenas em videoconferências importantes) voltaram a aparecer. Coisa difícil sorrir só com os olhos. Bem melhor rir de verdade e com vontade, mexer todos os músculos da face e emoldurar o sorriso com um batonzão. Que os narizes se sintam livres pra farejar perfumes bons.
Pra frente
Pois é, ficaram as orelhas de abano. Todas elas vieram alguns centímetros pra frente com o uso frequente das máscaras. Faz parte. Já quem foi um perigo ambulante e só protegeu o próprio queixo usando errado a máscara entortou igual as orelhas. Tira logo. Cansamos de ver essas barbaridades. Em espanhol, máscara se chama tapa-boca e induz ao erro. Em português, foi comprovado que o nome não importou muito. O que era pra ser sinônimo de proteção virou ato político aqui e no mundo.
Sabe o que mais a gente desacostumou a ver com o uso obrigatório de máscaras? Manias estranhas das pessoas. Cacoetes e trejeitos faciais. Fungadas engraçadas. Tiques nervosos. Hábitos duvidosos. Fora os novos que criamos por trás das máscaras esse tempo todo. Quantas vezes falei sozinha na rua e tive certeza que ninguém percebia. Será que a máscara tinha mesmo o poder do disfarce? E tem os rostos super expressivos. Cuidado! Estamos (de novo) de olho em vocês.