Zona Sul
Em meio a avanço da dengue na Capital, moradores convivem com praça alagada e infestada de mosquitos na Vila Assunção
População já fez diversas solicitações à prefeitura para limpar a Praça Tupiniquim, mas, até o momento, não foi atendida
Em meio à alta dos casos de dengue em Porto Alegre, moradores da Rua Manauê, na Vila Assunção, Zona Sul, têm enfrentado uma infestação de mosquitos causada pela existência de água parada na Praça Tupiniquim. O local está alagado devido ao assoreamento do lago, ao vazamento de um reservatório do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e a problemas de escoamento, além de estar cercado por mato e entulhos, atraindo ratos. A população já fez diversas solicitações à prefeitura para limpar o local, mas, até o momento, não foi atendida.
No local, há uma vertente que abastece um lago — que hoje, entretanto, está assoreado. Assim, a vertente, não canalizada, espalha água pela praça, formando quase um riacho. Além disso, o reservatório do Dmae inunda o local, já que a tubulação e a caixa que deveriam escoar a água estão quebradas, resultando em transbordamento. Por isso, de acordo com moradores, a água está “virando rio por cima da grama”, encharcando o terreno.
— A ideia seria que o poder público pudesse vir aqui e enfrentar essa situação, resolver a questão da canalização, o assoreamento desse laguinho. O mato tomou conta, é um lago úmido, pantanoso. Nunca tive problema de mosquito nem de perto de como a gente está tendo agora — relata Lisangela Villela, 50 anos, advogada e criadora de um grupo de moradores.
Lisangela afirma que a população vem há anos solicitando providências para o Dmae. Algumas intervenções chegaram a ser feitas, como canaletas para escoamento, mas o problema não foi resolvido. Os moradores reclamam do abandono da praça por diversas gestões municipais, mas relatam que a situação se intensificou e a área verde tem atraído mosquitos e ratos.
Ao longo do último mês, o grupo tem se mobilizado para solicitar a limpeza e a revitalização do espaço. Foram abertos ao menos 15 protocolos nos últimos 30 dias, junto à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), ao Dmae, à Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e a outros órgãos — mas o problema continua sem solução.
— A praça é grande, está muito abandonada. A grande preocupação, hoje, não é mais a segurança. Hoje é um local onde as pessoas vêm, descarregam lixo, deixam ninhada de bichos, então é uma praça que, se revitalizada, resolveria não só essa questão sanitária, mas também a comunidade poderia usar melhor e conservar melhor — aponta Lisangela.
De acordo com os moradores, a prefeitura faz limpeza e capina no local, mas apenas superficialmente.
— O que atrapalha são os mosquitos, meu Deus, nunca se viu tantos, sei que é na cidade toda, mas ali tu não podes nem ficar com uma janela aberta. E também a história dos ratos, da limpeza, da capina. É uma coisa que não tem muita solução, não olham para isso e vai ficando — lamenta a publicitária Margareth Santana, 62. — É um problema que tem que se resolver, não é só cortar uma graminha.
Como consequência do abandono, a praça, apesar de estar equipada com brinquedos, não é utilizada.
— Ninguém utiliza. Estamos na torcida de que, ao ser limpa, arrumadinha, possa ser usada. Mas, agora, uma praça que tem rato, tem focos de mosquito, pode ter cobra ali, tem um mato... como é que alguma criança vai brincar lá? — questiona Margareth.
O que diz a prefeitura
Procurada por GZH, a prefeitura de Porto Alegre informou, em nota, que realizará vistorias para verificar a necessidade de intervenções e que fará o recolhimento de entulhos, além do manejo da vegetação. As equipes verificarão se é necessário o desassoreamento do local, serviço que estava parado desde 2019 e teve contrato retomado pelo Dmae neste ano.
“O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informa que vai realizar uma vistoria, ainda nesta semana, na Praça Tupiniquim, para avaliar a origem da água concentrada no local, se é proveniente da água da chuva ou algum vazamento e verificar quais as intervenções precisam ser realizadas no local. Os serviços de capina e roçada foram realizados pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) na praça no dia 12 de abril e, portanto, ainda estão dentro do prazo para que as equipes retornem ao local. Em relação ao descarte de resíduos, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informa que o recolhimento será feito entre hoje (quarta-feira, 27) e amanhã (quinta-feira, 28). A praça possui vegetação nativa e o manejo será realizado nos próximos dias, com acompanhamento técnico de equipe da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) e SMSUrb.”
A prefeitura informou ainda que a solicitação sobre os mosquitos foi aberta na segunda-feira (25) e entrará na programação da equipe. No entanto, devido à grande quantidade de denúncias, a SMS está dando prioridade às áreas com casos de dengue confirmados, o que não ocorre na região da praça. Os órgãos ressaltam ainda que os protocolos têm prazo padrão. Quando se trata de limpeza de praças, entram na fila com prazo de até 60 dias; em situações adversas, são realizadas vistorias para priorizar o atendimento.
Produção: Fernanda Polo