Coluna da Maga
Magali Moraes: chip nos óculos
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Esses dias, me superei em um esporte que ando praticando bastante ultimamente: perder os óculos pela casa. Conhece a modalidade? É esporte, sim. O número de agachamentos e a quantidade de passos envolvidos são pura aeróbica. Enquanto os olhos ficam inúteis sem enxergar direito, o corpo inteiro mexe. Os braços esticam, a cintura vira pra lá e pra cá vasculhando cada canto, os pés andam em círculos. E tem a memória, que faz uma baita força pra lembrar.
Onde estão os malditos óculos? Qual foi a última vez que foram usados? Você não recorda o que comeu no almoço, muito menos o que estava fazendo com eles. Tem certeza absoluta que não perdeu na rua. Após revirar cada cômodo da casa, botar as gavetas abaixo e jogar tudo da bolsa em cima da cama, suas certezas já não garantem nada. Por que ainda não inventaram um chip pra localizar óculos perdidos e nos livrar dessa? Imagina poder rastrear duas lentes e uma armação que aprontam juntas.
Distração
Se existisse um troféu de Moscona Master, eu ganharia. Após encerrar as buscas, aceitei que a minha distração tinha passado dos limites. No dia seguinte, eu ligaria pra floricultura (pelo menos isso lembrei) pra perguntar se alguma samambaia foi vista de óculos. Depois teria que marcar consulta no oftalmo e revisar o grau antes de fazer os novos. Pra relaxar, fui molhar as plantas recém adubadas, que ficam numa prateleira bem alta. Subi na escada e o que vi? Meus óculos! Estavam lá em cima.
Praticamente no espaço aéreo da casa. Impressionante como a memória volta do coma. Eu mesma botei os óculos lá pra fazer uma foto antes de ir na floricultura, queria ter um parâmetro do tamanho do vaso pra comprar um maior. Ufa! A sensação que dá é alívio misturado com vergonha. O que mais posso esquecer por aí? Preciso adubar a cabeça, isso sim. Se existisse o chip de rastreamento de óculos, tudo estaria resolvido. Então fica a dica. Aceito ser cobaia desse experimento. Mercado tem.