Coluna da Maga
Magali Moraes: rinite de novo
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Eu e ela temos uma trajetória de vida juntas, por mais que eu queira esquecer. São muitas lembranças de lenços de papel espalhados em cima da cama, espirros escandalosos chamando a atenção em horas erradas, olhos vermelhos, olfato alterado e vontade de arrancar fora o nariz. Minha rinite andava sumida, cheguei até a pensar que tinha me livrado da sua desagradável companhia. Que nada. Ela fez uma volta triunfal na segunda quinzena de abril e, pelo jeito, seguirá em maio.
O que termina em "ite" significa inflamação e incomodação. Se as mucosas nasais estão irritadas, a gente fica mais ainda. Tudo é gatilho pra quem tem rinite alérgica: poeira, mofo, pólen, perfume, cheiros fortes, mudança de temperatura. Já fiz vários tratamentos, inclusive de homeopatia. O que me mantém ao longo do ano é a higiene diária com sprays de soro de jato forte, que lavam até o cérebro. Mas quando vem uma crise, complica. Dormir, só com dois travesseiros.
Prendedor
As noites ficam tensas. Sonhar como, se parece que tem um prendedor de roupas apertando o nariz? Durante o dia, fingimos normalidade e nos acostumamos a respirar pela metade. Só mesmo antialérgico no pico da crise. A gente precisa se livrar da sensação de formigamento e a constante ameaça de espirro. Rosto vermelho que não é de sol, é de congestão nasal. Me dei conta que eu andava botando mais sal na comida por causa da rinite, que incomoda até pra sentir o gosto da comida.
Vacina da gripe sempre ajuda, nem que seja pra descartar quadros piores. Já tomei a minha, um alívio se sentir protegida. E antes que a rinite se torne sinusite (inflamação nos seios da face), é bom consultar um otorrino. Agora se for renite (com dois "e"), aí não tem remédio. Renite vem do verbo renitir, se mostrar persistente, resistir, fincar o pé. Ou seja, outro sentido. Dá pra dizer que a minha rinite está renitindo porque insiste em morar no meu nariz. Força no jato nasal, logo é inverno.