Números da pandemia
Mortes por covid-19 caem 44% no RS entre fevereiro e março, mas cenário ainda é pior do que antes da Ômicron
Março registrou 779 óbitos pela doença, abaixo dos 1.399 contabilizados em fevereiro no Estado
O mês de março chegou ao fim com uma redução de 44,3% no número de mortes por covid-19 registradas no Rio Grande do Sul. Se em fevereiro o Estado havia contabilizado 1.399 óbitos pela doença, em março foram 779, refletindo a redução no contágio e fazendo a curva de mortes cair de forma íngreme.
Em média, em março, morreram por dia 25,1 pessoas de covid-19 no Estado. No mês anterior, mais curto, a média diária fora de 49,9 óbitos.
Apesar da melhora expressiva no último mês, o patamar de mortes pelo vírus em março ainda é mais grave do que antes da chegada da Ômicron ao Rio Grande do Sul. O total de mortes de março de 2022 é mais do que duas vezes superior ao número de mortes de dezembro de 2021. O cenário atual também é mais grave do que em novembro, outubro e setembro do ano passado.
Os dados utilizados nesta reportagem consideram a data de inclusão das mortes no sistema. Esse é o dado recomendado por especialistas para análise de datas mais próximas do tempo presente.
"Momento de calmaria"
O presidente da Sociedade Gaúcha de Infectologia, Alessandro Pasqualotto, aponta a queda na ocupação de leitos hospitalares e de casos positivos diários como indicativos positivos de que a pandemia está em desaceleração. Para ele, o número de mortes não é o mais fiel indicador para o atual estado da pandemia.
— Há francos sinais de desaceleração, o que se reflete em número de mortes por covid-19 em decréscimo, ainda que em patamar maior do que em meses anteriores. Mas é preciso considerar que muitos dos pacientes que morrem por covid-19 falecem depois de muito tempo de internação, no contexto de muitas comorbidades — alerta Pasqualotto.
Segundo o virologista Fernando Spilki, que é pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade Feevale, o número de casos, um dos principais indicadores da situação da pandemia, também está baixo. Mas, em termos de casos gerais, ainda num volume superior, por exemplo, ao início do surto de Ômicron. Ele acrescenta também a subnotificação, já que há pessoas que não têm diagnósticos feitos por médicos.
Spilki acrescenta que estamos passando por um momento de calmaria, mas que ainda não se pode dar o assunto pandemia de covid-19 por encerrado.
— Dizer que já vencemos completamente e que nunca mais veremos elevações de casos é inadequado e precipitado. O que, provavelmente, não veremos são grandes elevações no número de internações e óbitos, comparado com o que tivemos no passado — finaliza.