Homenagem
Despedida de David Coimbra tem rodada de chope, bebida favorita do jornalista
As mesas de bar, rodeadas de amigos, estavam entre os maiores prazeres do cronista que lutou quase uma década contra o câncer e morreu na manhã de sexta-feira (27)
Houve tristeza e choro no velório do jornalista David Coimbra, realizado ao longo da manhã deste sábado (28) no Crematório Metropolitano, em Porto Alegre. Mas, sendo um velório de David, teve também risadas regadas a chopes cremosos que tanto marcaram sua vida e seus textos.
Por uma iniciativa da família, funcionários do crematório passaram a circular pouco depois das 11h com bandejas de chope entre os amigos, ex-colegas e admiradores que compareceram para dar o último adeus.
As mesas de bar, rodeadas de amigos, estavam entre os maiores prazeres do cronista que lutou quase uma década contra o câncer e morreu na manhã de sexta-feira (27).
Neste sábado, ao redor de David, os familiares e amigos fizeram um último brinde para celebrar a vida e o legado do jornalista.
Amiga da família e leitora fiel das crônicas publicadas em Zero Hora e GZH, Icléa Schmitz, 84 anos, pela primeira vez na vida saboreou um chope bem tirado — como valorizava David Coimbra —no meio de um velório.
— Achei a homenagem excelente. É a cara dele — afirmou a admiradora, de copo na mão.
A despedida do cronista, que teve início às 7h na Capela Ecumênica, inclui uma cerimônia de adeus marcada para as 13h. O sepultamento, reservado aos familiares e amigos mais íntimos, ocorrerá no Cemitério da Santa Casa.
Nove anos de luta contra o câncer
Nascido em Porto Alegre, com 60 anos recém-completados, o jornalista do Grupo RBS começou a enfrentar problemas de saúde em 2013, ao ser diagnosticado com um tumor em estágio avançado no rim esquerdo. Após sentir dores no peito, descobriu ainda que a doença já havia se espalhado silenciosamente por meio de metástases ósseas para outras três partes do corpo.
Depois de uma cirurgia para extirpar o órgão e de tentar tratamentos que não surtiram o efeito desejado no Brasil, rumou para os Estados Unidos com o objetivo de dar sequência à luta contra a doença.
No exílio temporário, desde Boston, seguiu escrevendo textos para o jornal Zero Hora e GZH e participando de programas na Rádio Gaúcha, como o então recém-lançado Timeline, sem jamais abandonar o estilo ao mesmo tempo leve e contundente.
e volta ao Brasil em 2020, nos últimos meses David vinha sofrendo novamente com problemas de saúde e precisou fazer interrupções em seu trabalho nos veículos do Grupo RBS. Quando pôde retomar seus afazeres, com o talento e a leveza de sempre, transformou a rotina de dor e mal-estar na crônica Quando Quis Morrer, publicada em 16 de maio.