Coluna da Maga
Magali Moraes: direto dos anos 70
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Engraçado como a gente pode subitamente ser jogada em um túnel do tempo, voltando décadas atrás num piscar de olhos. Esses dias, chegou aqui em casa uma relíquia do começo dos anos 70. Ao saber que o genro estava com dor nas costas, minha mãe mandou pra cá um infravermelho que praticamente cresceu comigo. Foi tirar a caixa da sacola e me enxergar criança de novo, observando curiosa a tal lâmpada sendo usada, a luz colorindo o quarto. Deu o quentinho bom das lembranças.
Naquela época, acho que não era comum fazer fisioterapia. Então ter essa luz medicinal pra curar os males familiares passava segurança pra gente. A dor não iria muito longe, garantiam meus pais. O difícil era ficar quieta e parada pra luz fazer efeito. Provavelmente os adultos se curavam mais rápido do que as crianças hiperativas. Vem pra 2022. Mil avanços tecnológicos depois, o infravermelho continua sendo usado em diversos tratamentos nas clínicas. Claro que numa potência maior que as versões portáteis.
Retrô
E elas seguem à venda. Pesquisando encontrei irmãs gêmeas da nossa lâmpada. Mas ninguém tem uma embalagem tão retrô: na foto da caixa, a modelo é totalmente anos 70, com sobrancelhas finas e um ousado corte curto. Se o cabelo fosse comprido, teria flores. Sua nuca de fora servia como a promessa de uma vida sem dor na cervical. Do fundo branco com moldura prata, o que se nota é o amarelado do tempo. Pura nostalgia. Da tampa, não temos notícias. Rasgou total.
Ligamos pra testar e a luz funciona perfeitamente bem. O suporte está meio desnucado, quem nunca? O importante é que a lâmpada esquenta feito louca. Que doideira algo durar tanto tempo assim. Ou loucura mesmo é como nada dura muito hoje em dia. Eu nem estava com dor nas costas, e o infravermelho me fez bem até desligado. É um membro da família, isso sim. Mãe, vou demorar pra devolver a luz. Deixa ela aqui só mais um pouquinho aquecendo as memórias da infância.