Coluna da Maga
Magali Moraes: frio e gorgonzola
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Frio é como gorgonzola: um pouquinho até vai. Deu pra notar que eu não morro de amores por esse queijo, né? Forte demais. Mas reconheço que ele dá um sabor interessante quando usado com parcimônia. Uma pizza quatro queijos, por exemplo. Sem gorgonzola, parece tudo igual, o festival da mussarela. O problema é o pizzaiolo gostar mais do que nós de gorgonzola, e pesar a mão. A cebola caramelizada, que forma uma bela dupla com esse queijo azul, some de cena se exagerarem nele.
É sobre ser intenso, e não deixar você com vontade de comer gorgonzola. Uma mesa de queijos e tintos, quem sabe? Nessa semana de frio histórico no Sul e Sudeste do país, aqui no RS até com ameaça de ciclone, lembrei do gorgonzola. Foi o que deu pra pensar antes do cérebro congelar. E de tudo mais que o frio nos faz ingerir na tentativa de esquentar o corpo. Antes fossem só caldos e sopas. Tem que pesar pra funcionar, como um mocotó. É isso, o gorgonzola é o mocotó dos queijos.
Fresta
Frio intenso eu também não gosto. E se for fora de época, pior ainda. Os pés congelam de repente, a gente nem estava preparada psicologicamente. A fresta aberta na janela se transforma em vendaval. Tomar banho é uma aventura (tô de olho, hein). Haja cobertor em casa. E solidariedade pra tirar dos armários o que está sobrando e poder agasalhar as pessoas em situação de rua. Pés gelados e barriga roncando, que tristeza. Bora encher as sacolas e fazer o bem pra aquecer a alma.
Sorte de quem tá no quentinho do fogão à lenha, da estufa, da lareira, do ar-condicionado, da bolsa de água quente. Mais sorte ainda reclamar que colocaram muito gorgonzola na comida. Maio não combina com geada, neve e frente fria. É o que temos nesses dias, coitadinha da saúde. Então estamos combinados, abriu a temporada de doação de roupas. Idem de quentão, chocolate quente e lasanhas fumegantes. Aos fãs do gorgonzola, desculpa aí. Que o estômago esteja à altura do paladar.