Direto da Redação
José Augusto Barros: "Existe lugar errado e hora errada para jornalista estar?"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
“Jornalista estava no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada”. Essa foi a frase que disse o superintendente da PF sobre as mortes de Dom Phillips e Bruno Fontes, em entrevista muito bem conduzida, na manhã, de ontem, por Andressa Xavier, na Rádio Gaúcha. Desde que se teve a confirmação das mortes de Dom e Bruno, muito se tem falado sobre lugares mais ou menos periogosos para o exercício do jornalismo e por aí vai.
Mas, aqui, deixo uma reflexão: o que seria de milhares de leitores, ouvintes, internautas, se existisse “lugar errado” para jornalista estar, cumprindo seu dever? Evidentemente, sei dos riscos enfrentados por colegas que trabalham em algumas editorias do jornalismo que mexem com temas mais sensiveis, digamos assim. Eu mesmo, durante bons anos, militei na reportagem polícial, no Correio do Povo e aqui no DG, e pude notar de perto o quanto nosso trabalho não é bem-vindo quando confrontamos interesses das mais diversas quadrilhas criminosas que assolam nossas periferias. Não foram poucas as vezes que, ao denunciar a ação do tráfico de drogas, em algumas regiões de Porto Alegre, recebi avisos bem claros de que estava sendo monitorado, algumas ameaças e por aí vai. Claro, acredito que, em todo planejamento que envolve matérias de risco, a equipe que está envolvida precisa saber bastante sobre o terreno que está pisando.
No caso de Dom, estava em um dos lugares mais perigosos do Brasil, quase uma terra sem lei, o que coloca mais responsabilidade, ainda, sobre o trabalho das forças de segurança do país. Sei da complexidade que significa para a Policia Federal patrulhar toda a extensão quase continental da Amazônia e credito o trabalho da PF como sensacional, em vários aspectos. Mas espero que o assasinato do jornalista e do indigenista tenham deixado em alerta todas as forças de segurança do país, para que não passemos por situações como essa, que nos deixam, aos olhos dos estrangeiros, como um país do estilo “terra sem lei”.