Papo Reto
Manoel Soares e um papo com Bial
Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados
Essa semana eu dei uma entrevista para o programa Conversa com Bial. Teve toda aquela parada de fingir normalidade quando Bial fez um daqueles textos de homenagem com minha história de vida. Realmente foi emocionante, em certo momento do papo, ele puxou uma matéria que fiz em 2003 para o Jornal do Almoço. A matéria era a da minha estreia como repórter, onde, no Fórum Social Mundial, eu entrevistei mostradores de rua que foram expulsos do parque onde ficaria o Acampamento da Juventude.
Quando vi como eu era há 20 anos, foi um choque. Primeiro porque acho, com toda humildade, que o tempo me fez bem. Depois, entendi que mesmo sem saber ao certo as razões de fazer as coisas como eu fazia, a base do que sou hoje estava ali, viva. Na reportagem, eu sentei com os moradores de rua para ouvir sobre sua rotina de vida e a forma como me trataram mostrava que eu tinha uma missão a cumprir.
Na entrevista, Bial pergunta sobre aquele “Manoel”, e passa um filme na cabeça. Naquela versão de mim tem um pouquinho de cada um de vocês que leem esse texto, das indignações, das alegrias, das dores e anseios. Hoje, eu estou caminhando rumo a ser um dos principais apresentadores da TV Globo e estar todas as manhãs na casa de milhões de brasileiros, mas ainda continuo com a mesma cabeça do Manoel com que vocês trombavam na frente do Mercado Público de Porto Alegre ou que comia cachorro com cinco salsichas na Esquina Democrática. Não me mantenho assim para querer pagar de humilde, mas porque é aí que mora minha felicidade.