Antes de saborear uma costela ou um xixo na Churrascaria e Galeteria Komka, no bairro São Geraldo, na região do 4º Distrito, em Porto Alegre, o visitante já se acostumou a dar uma paradinha na porta de entrada situada na Avenida Viena. Tudo para apreciar e tirar fotos de um antigo veículo estacionado diariamente ali, com uma história carregada de memória afetiva. Trata-se de um Studebaker Champion 1951, com carroceria pintada em verde e capota na cor branca.

— O carro fica parado na frente como um ícone. Como uma lembrança do meu pai  —  diz Edésio Komka, o Deco, 55 anos, proprietário da casa inaugurada em 1967 e decorada internamente com paredes em azulejo azul.

O veículo de quatro portas, um verdadeiro clássico para os apaixonados por carros antigos, pertencia ao pai de Deco, Eduardo Komka, falecido em 2003. Chegou a ser usado pelos integrantes da família com frequência para as tarefas cotidianas e deslocamentos até meados dos anos 1980.  

 — O carro está na família desde 1963. Foi ficando e virou um ícone. O meu pai era muito conhecido porque andava demais com o carro. Quando passou a ser uma raridade, virou uma marca registrada do meu pai andar com ele na rua — recorda o filho.

O Studebaker ficava estacionado, antes, na antiga entrada do restaurante, localizada na Avenida Bahia. Ao menos cinco reformas já foram feitas, e os bancos, por exemplo, são de um Maverick. O veículo, que não é mais original, possui máquina e câmbio de Chevrolet, além de alguns confortos como direção hidráulica. Apesar de chamar atenção, os clientes nunca fizeram uma proposta séria para comprar o carro.

 — As pessoas só fazem brincadeiras dizendo que querem comprar  —  relata o empresário.

Os cuidados com lavagem e polimento ficam sob os cuidados do proprietário, e também de um dos garçons do estabelecimento.

— Como é um carro raro, pela idade e marca, todo mundo olha. As pessoas sempre perguntam e confundem com outras marcas — observa Deco, dizendo que o veículo, às vezes ainda utilizado, necessita de melhorias na pintura e nos detalhes cromados antes de poder ser exibido em alguma exposição.

Nesta quarta-feira (20), enquanto a reportagem de GZH esteve no local, alguns motoristas que trafegavam pela Avenida Viena diminuíram a velocidade para dar uma olhada no carro do restaurante. Clientes que chegavam para almoçar também espiavam com curiosidade. Durante a noite, ou em períodos como férias coletivas, o Studebaker fica na garagem da família. No resto do tempo, está sempre na porta de entrada como uma lembrança permanente ao antigo dono, e ainda competindo em atenção com os deliciosos cortes de churrasco oferecidos pela casa.