Coluna da Maga
Magali Moraes: flores em vida
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Amigos que sugerem assuntos pra coluna salvam o dia, sabia? Ainda mais se for algo que eu ainda não tinha parado pra pensar. Flores na vida e na morte, olha que contraste interessante. Uma pessoa pode receber várias coroas de flores no seu velório, sem nunca ter recebido flores ao longo da vida. Justo quando ela não pode mais enxergar seu colorido alegrando o ambiente, não consegue sentir o perfume das flores recebidas, está cercada de coroas em sua homenagem.
Na verdade, elas são enviadas para os familiares. Um mundaréu de flores lindas que cumprem sua função de trazer um mínimo de alegria, mas que ninguém vai poder levar pra casa depois. A falta de água abreviará suas vidas. Se estivessem em pequenos buquês, daria pra encher quantos vasos? Assim juntas e num espaço fechado, logo perdem a poesia e exalam um perfume típico de velório. Ou seria a dor do momento que deixa esse cheiro tão triste? Acaba sendo um desperdício de vida.
Violetinha
Falando em vida, a diferença que faz um canteiro florido. Um botão de rosa que abre. Uma violetinha ou qualquer outra flor enfeitando a sala. Um buquê que a gente se dá de presente. A sorte de encontrar orquídea em oferta. Fazer um arranjo de mesa pra colorir o jantar. Enviar flores pra alguém e caprichar no cartão imaginando a surpresa da pessoa. Qual foi a última vez que você se cercou de flores? Que seja em vida, e que você possa arrumar elas do seu jeito no vaso ou no jardim.
Muita gente acha bobagem comprar flores porque elas vão morrer. E a vida que trazem? Tem coisa mais importante pra gastar dinheiro, eu sei. Mas e se a gente não gastar nada? Só prestar atenção nas flores que surgem pela rua, na frente das casas, nas janelas dos prédios? Já viu o que tem de flor linda caída na calçada e na grama? Aprecie antes que o vento ou a vassoura leve embora. Uma pétala de flor alegra muito mais em vida do que uma coroa inteira quando estamos ali só de corpo presente.