Coluna da Maga
Magali Moraes: não bufa
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Fazia tempo que eu não ouvia essa expressão, e mereci ouvir. Bufei mesmo. Aposto que também revirei os olhos, mas na hora nem percebi. "Não bufa" é o equivalente a "engole esse choro", que a gente diz pra criança. O engraçado é um adulto falar isso pra outro, amizades antigas permitem. Aliás, como é bom trabalhar com amigos: a gente se ajuda, se acolhe, se puxa a orelha, se entende, ri junto. Desde o final de 2021, voltei a trabalhar com grandes amigos. Que sorte a minha.
Essa coluna é sobre bufar quando a gente se sente sobrecarregada, quando tem certeza absoluta que não vai dar conta e tudo parece cair nos nossos ombros. Tomara que um amigo seu esteja por perto e te tranquilize. Não precisa surtar, tudo se resolve. Respiraaa. Lembra que tu sempre deu conta. Ou faz o que for possível. E não sofre por antecipação. Esse é o grande conselho que vale pra várias situações. Como a gente perde tempo (saúde, sono, cabelo) antecipando preocupações.
Armadura
Bem-estar emocional é aquilo que fazemos pra que nada nem ninguém nos tire do prumo. Funciona como uma armadura protetora, sabe assim? Que sufoco viver no corre, as urgências nem tão urgentes assim, as cobranças que a gente mesma se impõe. Equilibrar perfeitamente todos os pratinhos? Só no circo conseguem. Na vida real é melhor deixar cair algum (antes o prato do que nós). Se for pra bufar e aliviar a pressão, que seja. O corpo dá um jeito de falar por nós. Escute bem o recado.
Existe receita perfeita pra equilibrar a loucura do dia a dia? Se você souber, manda por e-mail, por favor. O que sei é que as pessoas seguem quebrando os dentes por bruxismo, comendo por pura ansiedade, endurecendo os ombros e travando a coluna. Os exemplos são muitos, e nada legais. O que venho tentando fazer é estabelecer limites pra mim e pros outros. Nem sempre dá certo, mas continuo decidida a proteger minha saúde mental. Posso bufar aqui e ali. Uma batalha de cada vez.