Direto da Redação
Michele Vaz Pradella: "Gente como a gente"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Há algumas semanas, Anitta tornou público um drama pessoal que já se arrastava havia anos. Em postagens nas redes sociais e até em uma entrevista para o Fantástico, a cantora falou que tinha endometriose – inflamação no endométrio, o tecido que reveste o útero. De cara lavada e pijamas, estava ali uma mulher como outra qualquer, revelando estar tomando fortes remédios para aguentar as dores que a acometiam. Na semana passada, Anitta passou por uma cirurgia, relatou como é terrível o pós-operatório, mas que tudo correu bem. Despida de glamour, a artista se mostrou frágil e esgotada, bem distante da aura quase mágica da qual é revestida nos palcos e clipes com milhões de acessos.
Por que a dor de Anitta deixou de ser íntima e virou pauta nos noticiários? A primeira resposta é fácil: tudo o que ela faz ou diz vira notícia. O público, mesmo aquela parcela que não se diz fã da cantora, quer saber o que acontece com ela. Não à toa, Anitta está entre os assuntos mais comentados nas redes sociais dia sim, outro também.
A espetacularização da vida privada das celebridades não é novidade, pelo contrário. O que mudou, e muito, foi a forma como as notícias chegam até nós. Hoje em dia, é o próprio artista que se dispõe a mostrar a cara – com ou sem filtro – nos vídeos do Instagram, contando sobre seus problemas mais íntimos, que podem ser crises de ansiedade, perda de entes queridos, separação de casal, anseios sobre a maternidade... Ficamos mais próximos dos nossos ídolos e, não raro, sabemos quais são os famosos que são “gente como a gente” ou os que representam um personagem até nas redes sociais.
De alguns anos para cá, passamos a seguir os passos de pessoas que, na maioria das vezes, desconhecem nossa existência. Mas estamos lá, assistindo aos stories, curtindo as fotos de biquíni e até dando parabéns pelo nascimento dos filhos. Isso é saudável? Depende. Como tudo na vida, há um limite entre acompanhar as celebridades por mero entretenimento ou deixar de viver nossas próprias vidas reais em nome de um espetáculo que, nem sempre, nos entrega finais felizes.