Direto da Redação
Amanda Khal de Souza: "É preciso aceitar as ausências"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
No domingo passado, celebramos o Dia dos Pais. Infelizmente, perdi o meu há quatro anos e meio, e essa data, muito já comemorada em minha família, vinha me deixando triste, diferentemente do que ocorreu no último dia 14, em que percebi estar mais reflexiva do que qualquer outra coisa.
Não que a saudade do seu João Luiz tenha diminuído, pelo contrário. Mas acredito que aceitei sua ausência, como parte de um processo que todos enfrentamos quando alguém muito amado nos deixa. Nunca estamos suficientemente preparados para uma perda. E, no caso da morte repentina de alguém – como foi o caso do meu pai –, requer um processo de luto. É necessário sofrer essa perda: precisa ser compreendida, digerida. Uma fase difícil em que a dor (quase física) se sobrepõe a tudo, mas é a única via para a cura.
Força para seguir
Para o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844 – 1900), “a vida é antes de tudo uma capacidade de acumular forças”. Precisamos ressignificar nossas perdas a partir do que vivemos anteriormente: compreendi que a falta avassaladora que sinto do meu pai é fruto do grande amor que vivemos, de todas as lembranças maravilhosas dos churrascos de domingo em família, dos jogos do Grêmio e de suas análises táticas duvidosas, do som de sua voz tranquila que nunca abandonará a minha memória e dos conselhos, por vezes duros, mas sempre muito sensatos e necessários. Tudo isso me dá força para seguir e sorrir sempre que lembro do pai. Parece muito maluco, mas só me dei conta disso agora, quatro anos depois de sua partida.
Entender que nada é para sempre é realmente desafiador, apesar de ser um dos maiores clichês da humanidade. Mas reconhecer isso, saber o que nos move, o que nos faz sofrer e do que é feita nossa essência são conceitos que nos ajudam a lidar com a ausência de quem amamos.