Recomeçar é sempre mais difícil. Há cerca de dois meses, estava descendo a escada do prédio onde moro, com o meu cachorro no colo, sem prestar atenção nos degraus. Chegando quase no térreo, dei um passo um pouco maior que o tamanho do degrau e não era o último, era o penúltimo. Meu pé virou entre os degraus e eu caí, sentindo muita dor. O cachorro não se machucou, só ficou assustado ao me ver no chão.

Meu tornozelo inchou em pouco tempo, e pensei tê-lo quebrado, porque ouvi um estalo. Fui ao hospital rapidamente, e já não era fácil andar. Com o raio-X feito, o médico me tranquilizou, dizendo que não havia nada quebrado. Ele também disse que era só “carne” dolorida. Passados esses dias, ainda não estou 100%. Ainda não corro na esteira, não consigo fazer alguns exercícios e desço escadas segurando no corrimão.

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Foco

Mas tenho que voltar para a academia, e esse retorno causa as dores da adaptação. Sou do tipo que ganha peso rápido. Não posso perder o foco que eu estava cultivando desde o início do ano e não quero voltar ao sedentarismo. Apesar de, no meu caso, ser um esforço ter que se exercitar, entendi que faz bem a longo prazo. Daqui alguns anos, vou ser mais feliz por ter feito essa escolha. Isso, no entanto, é só um exemplo de recomeçar. Um motivo talvez não tão sério, não tão delicado. Não deixa de ser um desafio para mim.

Recomeços são difíceis porque a gente sabe o caminho a percorrer, sabe que não foi fácil começar na primeira vez ou chegar ao ritmo que estávamos antes de parar. Isso se enquadra em tantas situações, como voltar a estudar, a se relacionar, a ter foco no objetivo, a sonhar. Recomeços podem sim ser difíceis, e são, mas talvez desistir traga outras consequências ainda mais difíceis de encarar. Por isso, os passos podem ser menores e mais lentos, como os meus na academia, mas estou lá – devagar e persistindo.