Luz vai e volta
Comerciantes e moradores da Cidade Baixa relatam falhas constantes no fornecimento de energia elétrica
CEEE Grupo Equatorial explica que principal causa de interrupções momentâneas e oscilações na tensão é a interferência vegetal na rede
Comerciantes e moradores do bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, costumam relatar com frequência as constantes quedas de energia elétrica na região. Os motivos para a oscilação no fornecimento variam desde problemas ocasionados pela própria interferência das árvores nos cabos, temporais e ventos intensos, roubo de fios de cobre, sobrecarga, entre outras situações.
— Já teve tempo que faltava bastante. Do nada caía a energia e voltava depois. Fizeram manutenção na rede e deu uma melhorada — compartilha Elton Dellazari, proprietário do Boteko República, estabelecimento que funciona desde junho de 2015 e fica situado na Rua da República, 429.
Segundo o empresário, que diz já ter perdido em algumas ocasiões produtos que necessitavam de refrigeração, o problema é mais comum de acontecer no verão:
— A falta de energia ocorre principalmente no verão, por causa de muita carga na rede e do uso de ar-condicionado — acredita, dizendo que, em certa oportunidade, chegou a ficar dois dias sem luz.
Os moradores do bairro, conhecido por ser ponto de encontro dos jovens em especial durante o período da noite, narram situações semelhantes.
A consultora de recursos humanos e psicóloga Joceline Cunha afirma que observa certa instabilidade no fornecimento de energia elétrica.
— Nos últimos tempos, tenho percebido uma maior oscilação na luz. Falta, mas em poucos minutos retorna — cita ela, que mora e trabalha no bairro.
O professor Fausto Bastos Líbano, da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vinculada ao Departamento de Engenharia Elétrica, avalia o que poderia amenizar a oscilação de energia.
— O normal é que a concessionária coloque medidores no local. Só se consegue fazer um diagnóstico quando se possui dados obtidos em campanhas de medição nos pontos mais críticos — avalia o docente, dizendo que, às vezes, ocorrem microcortes, que acontecem por mau contato.
— Não é um problema fácil, mas tem solução — observa.
Na semana passada, um poste de concreto estava sendo instalado por funcionários da CEEE Grupo Equatorial na Rua José do Patrocínio, na altura do número 522. O fato gerou especulação se seria para aprimorar a distribuição de energia elétrica no bairro.
— Este poste, em especial, é uma obra para atender um novo empreendimento imobiliário da Melnick que será feito ali — revela o superintendente técnico da CEEE Grupo Equatorial, Julio Hofer.
Desde sua chegada, em julho de 2021, a CEEE Grupo Equatorial já instalou 16.297 postes de concreto pelo Estado. Segundo Hofer, 25% da área de concessão é composta por postes de concreto. O restante ainda é de fabricação em madeira.
— Estamos fazendo trabalhos de reforço de estrutura na troca de postes. Na Cidade Baixa, estamos investindo bastante na manutenção — garante.
O superintendente esclarece que os postes mais robustos ficam localizados em cruzamentos de avenidas, e salienta que o furto de cabos não pode ser evitado pelos tipos de postes instalados.
— O poste em si não ajuda para impedir o furto. O pessoal sobe e rouba o fio. A solução para evitar seria tirar o cabo de cobre e trocar pelo de alumínio, que também tem valor comercial, mas não tem atratividade.
Por sua vez, a Guarda Municipal informa que atendeu sete ocorrências de furtos de cabo de luz, no período de 2018 até agora, na Cidade Baixa. Seis envolviam furto de cabos e uma de luminária. No dia 21 de junho deste ano, um homem foi preso em flagrante tentando furtar fios na Travessa do Carmo. O crime foi flagrado pelo sistema de videomonitoramento municipal e a pessoa foi detida.
Hofer sinaliza qual é o principal fator para haver queda de energia na Cidade Baixa, e nos demais bairros da Capital:
— É a interferência da arborização na rede. Para evitar que essa causa não seja significativa, estamos adotando um novo conceito de manejo florestal, identificando os tipos de árvores, seus ciclos e recapacitando as equipes de poda — afirma.