Em Porto Alegre
Instituto do Câncer Infantil inaugura casa de acolhimento para pacientes em cuidados paliativos na quarta-feira
Crianças e adolescentes que não têm mais chances de cura contarão com o atendimento de uma equipe multiprofissional; espaço também oferecerá suporte às famílias
Desenhos, paredes e móveis coloridos diferem a casa de acolhimento do Instituto do Câncer Infantil (ICI) do pálido ambiente hospitalar. A decoração vai ao encontro da frase que serve como norte ao serviço disponibilizado no local e está estampada em letras laranjas logo na sala de estar: “aqui mora o amor”. Com quartos batizados de sol, nuvem e coração, o novo espaço abrigará crianças e adolescentes oncológicos que não têm mais chance de cura, oferecendo conforto físico e psicológico também aos familiares.
Localizada na Rua Augusto Pestana, no bairro Santana, em Porto Alegre, a casa foi adquirida pelo ICI em novembro de 2020 e reformada com recursos doados por empresas, pessoas físicas e parceiros da entidade. O espaço tem capacidade para atender até três pacientes com um acompanhante cada e será inaugurado nesta quarta-feira (3).
A casa conta com recepção, sala de enfermagem, três quartos, sala de convivência, cozinha com refeitório e área externa. Cada dormitório é equipado com banheiro acessível, cama hospitalar – com oxigênio e bomba de infusão –, cama para acompanhante, armário, ar-condicionado e televisão.
De acordo com o oncologista pediátrico, fundador e superintendente do ICI, Algemir Brunetto, todo o atendimento às famílias será gratuito, incluindo alimentação, e o tempo de permanência no local é indeterminado. Os moradores contarão com o suporte de uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistente social, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, dentista e farmacêutico com treinamento em cuidados paliativos.
O superintendente destaca que entre 20% e 25% desses pacientes oncológicos não têm mais possibilidade de tratamento curativo e que essas pessoas normalmente ficam em uma situação muito complicada, pois têm somente duas opções: ficar no hospital ou em casa.
— O hospital não é o ambiente ideal, porque é feito para cuidados terapêuticos, para procedimentos, e tem restrições de horários para as famílias. Então, a maioria das famílias opta por passar os últimos dias em casa, porque tem um aconchego do lar, da família, e é uma decisão que se respeita muito, mas que percebemos que não é boa, porque não são todas as famílias que têm condições de oferecer todos os cuidados necessários — aponta Brunetto.
Além dos cuidados médicos, o superintendente ressalta que há, ainda, o papel de preparar a família para o momento da despedida e que isso requer profissionais especializados, como psicólogos e assistentes sociais:
— O objetivo é oferecer um local aconchegante, onde o paciente e sua família tenham conforto físico e psicológico, e sejam atendidos por equipe multidisciplinar, com assistência 24 horas.
No local, os profissionais do Instituto vão atender pacientes de zero a 19 anos com indicação de cuidados paliativos de todo o Estado, que serão encaminhados conforme procedimentos de regulação do próprio Sistema Único de Saúde (SUS). Brunetto acredita que a estrutura para três famílias atenda a necessidade atual do Rio Grande do Sul, mas, se for preciso, o espaço pode ser ampliado com mais um andar.
O superintendente comenta ainda que, como instituição que foca na cura, o ICI também percebeu que não pode esquecer de quem passa pela situação de não ter mais alternativas de cura:
— Esse é um momento tão ou mais difícil do que quando chega o diagnóstico. Porque tem muita dor, muita dificuldade, mas tem esperança, e tem a cura para a maioria. Mas esse momento (de cuidados paliativos) é mais complexo.
Ele considera esse apoio fundamental para ajudar os pais e responsáveis a enfrentar o momento, curtir o período restante e se preparar para o luto, pois, assim, eles podem ter certeza de que tudo que era possível foi feito.
— A ideia é que a gente preencha essa lacuna assistencial, porque se fala muito em cuidados paliativos, mas a estrutura de atendimento é muito limitada, embora seja um serviço essencial. Essa é apenas a segunda casa de cuidados paliativos para crianças e adolescentes com câncer da América do Sul — afirma.
A casa de acolhimento contará com recursos do ICI para arcar com suas despesas, além de doações de empresas, pessoas físicas e parceiros, que já ajudam a instituição.
Como ajudar
- Pelo PIX da casa: ici@ici.ong
- Pelo site do ICI: https://ici.ong
- Pelo telefone: (51) 3331-8704
Portas Abertas
A comunidade e todos os apoiadores da instituição poderão conhecer a casa de acolhimento, por meio do evento Portas Abertas, que ocorre de 4 a 11 de agosto (exceto domingo). É necessário fazer inscrição nos horários de visitas pelo telefone/WhatsApp 51-33318704, e-mail ici@ici.ong ou pelas redes sociais do Instituto do Câncer Infantil. Após esse período, a casa retoma seu objetivo de atendimento exclusivo aos pacientes em paliativo.