Coluna da Maga
Magali Moraes: aquietar a mente
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Tenho caminhado seguido de manhã, pela saúde física e mental. Enquanto as pernas andam firmes em linha reta, os pensamentos fazem zigue-zague e criam trajetos inesperados. Em alguns dias, as ideias me atropelam. Preciso anotar pra deixar ir. Em outros, a cabeça esvazia. Consigo focar no sol e na música dos fones de ouvido. Invariavelmente eu volto pra casa me sentindo melhor. Aquela dorzinha boa nas coxas, a ansiedade acalmada, o dia flui com outra energia.
Comecei a ouvir podcasts enquanto caminho, só pra variar. E um dos assuntos que escolhi foi justamente o detox mental, ou como desintoxicar a mente. Às vezes, ela parece uma gaveta cheia de entulho. Já reparou quantos estímulos externos e internos disputam a nossa atenção? Acompanhar tudo que acontece, correr atrás dos objetivos (velocidade disfarçada de sucesso), ser produtivo virou condição pra sobreviver. Parar e respirar é perda de tempo. Vai experimentar a quietude como?
Silêncio
Eu já conhecia a importância da respiração profunda pra relaxar. Sentir a barriga subir e descer, se concentrando nesses movimentos, faz milagres (faz dormir também). Pra uma mente saturada, o silêncio é remédio. Meio óbvio, mas tão difícil. Ah se desse pra comprar na farmácia, tem que aprender a silenciar. São vários tipos de silêncio, entre eles o auditivo (poluição sonora), o visual (ver demais também cansa o cérebro) e o atencional (pausar tarefas cognitivas, não botar atenção em nada).
Acho que o pior deles é o silêncio interno: conseguir silenciar os pensamentos. Não ficar ruminando problemas e sentimentos ruins, sabe assim? Também aquele eterno listar tarefas, misturar urgências com coisas importantes. Peça pra alguém hiperativo sossegar e observe como pode ser sofrido atingir o silêncio. Conviver com pessoas mais calmas do que nós ajuda. Mas aquietar a mente é um exercício individual (e constante). Bora fazer um faxinão mental e jogar fora o que só ocupa espaço.