Coluna da Maga
Magali Moraes: sumiu o troco
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Cadê as moedas de 10, 25 e 50 centavos que andavam faceiras por aí? As de 1 e 5 sempre foram irritantes. Já a de 1 real era boa. Faz tempo que não a vejo. Esses dias, reparei que não circula mais dinheiro em espécie aqui em casa. Nem moedas nem notas de papel. Num passado bem distante, minha mãe tinha sempre um troquinho pra rechear a carteira dos filhos em idade escolar. A fila do bar era o auge do recreio. Agora a gente pensa duas vezes antes de entrar na fila do caixa automático.
Só os colecionadores possuem moedas? Se é que eles ainda existem. Hoje em dia, achar uma perdida no chão é tão raro quanto encontrar nota de 20 esquecida no bolso. Vai fazer o que com ela? Nem a de 50 tem mais poder de compra. Bateu a nostalgia: lembrei das notas rabiscadas com frases edificantes, pragas, palavrões (e das rasgadas na ponta). Dinheiro na mão é vendaval, já dizia Paulinho da Viola. Então como seguimos gastando tanto sem dim-dim físico? O maior vendaval é o invisível.
Aproximação
Oi, PIX! Pagar assim é tão rápido e fácil que nem parece que estamos gastando dinheiro. Isso já acontecia com cartão de crédito e débito. Só que piorou com o pagamento por aproximação. Encostou o celular ou relógio na maquininha, pronto! Nem precisa pegar o papelzinho, bora salvar árvores. E a letra do comprovante é tão pequena. Quase ninguém confere o valor quando paga assim, me disse o moço do caixa. Opa, nem eu. É tanta praticidade que até a conferência no visor tá ficando antiga.
Quer pagar com dinheiro em espécie as compras do supermercado? Que choque. É tudo isso mesmo?! Como não se apavorar com a quantidade de notas necessárias? E que dor entregar o dinheirinho vivo ali na sua mão. Segura ele só mais um pouco. Improvisa uma piada, comenta sobre a previsão do tempo. Ou aproveita pra fazer uma enquete: ainda se usa niqueleira? Duvido. Pra guardar o quê? Se até o pessoal na esquina pede ajuda com PIX é porque o troco sumiu.