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Ministério Público pede à Justiça Eleitoral retirada de painéis anticomunistas de prédios em Porto Alegre
Empresa de mídia já confirmou que fará a remoção da propaganda por causa da reclamação do síndico de um dos edifícios
O Ministério Público (MP) pediu nesta segunda-feira (15) à Justiça Eleitoral a retirada dos painéis anticomunistas instalados nas empenas de prédios na Osvaldo Aranha (próximo à entrada do Túnel da Conceição, no sentido bairro-Centro) e na Avenida Benjamin Constant, no bairro São João, em Porto Alegre. Mesmo ainda sem uma decisão por parte do juiz da 113ª Zona Eleitoral, a empresa exibidora de mídia Life, contratada para instalar as faixas de nove metros de largura por 22 de comprimento, já afirmou que vai remover o material.
Os painéis trazem duas colunas estampadas nas quais aparecem, de um lado, a bandeira do Brasil, e do outro, uma foice e um martelo, símbolo do comunismo. Relaciona na primeira termos como vida, bandido preso, povo armado, valores cristãos, liberdade, agro forte, menos impostos, a favor da polícia, ordem e progresso. Na coluna oposta, constam as seguintes palavras: aborto, bandido solto, povo desarmado, ideologia de gênero, censura, MST forte, mais impostos, a favor do PCC e narcotráfico.
O vereador de Porto Alegre Leonel Radde (PT) apresentou denúncia ao MP ainda na quinta-feira (11), dia da instalação, afirmando que as faixas apresentariam “claramente propaganda eleitoral irregular”. O presidente estadual do PCdoB/RS, Juliano Roso, também confirmou o encaminhamento do caso à Justiça.
O material gerou ainda reação de moradores e comerciantes dos prédios. O advogado do condomínio Edifício Caraíba, no bairro Bom Fim, pediu a retirada à empresa responsável pela instalação dos painéis, que tem contrato de locação do espaço. O síndico, Renê Joaquim Rossoni de Souza, conta que se falou sobre o tema "noite e dia" no final de semana no grupo de WhatsApp do condomínio:
— A grande maioria das pessoas ficou chocada com isso. Tinha gente do Interior me ligando, perguntando se era montagem ou verdade.
O espaço já serviu de divulgação para outros tipos de anúncios, como de empresa de telefonia e loja de utensílios domésticos. Ele destaca que é contra a divulgação de qualquer posicionamento político, seja de direita ou de esquerda, porque teme represálias ao imóvel.
Sócio de uma loja de tecidos no térreo do edifício da Benjamin, Eric Braibante tem a mesma preocupação:
— Eu estou exposto aqui. Imagina se alguém chega aqui e toca uma pedra na loja, achando que a gente está de acordo com isso.
Ele destaca que a propaganda traz “uma mensagem horrível”.
— Inclui fake news que vincula o comunismo ao PCC (Primeiro Comando da Capital, maior organização criminosa do Brasil). Eu não quero essa polarização, cada cliente tem seu voto — acrescenta o comerciante.
O empresário Leonardo Zigon Hoffmann, CEO da Life, afirmou que não recebeu ainda nenhum ofício determinando a retirada, mas que o anunciante já aquiesceu com a retirada dos painéis — o nome dele não foi informado a GZH.
— Diante do pedido do síndico (do prédio da Osvaldo), alegando que a exibição está criando problemas para o condomínio e para os moradores, a Life decidiu retirar. Só precisa que pare de chover e esteja sem vento para o alpinista que nos presta serviços fazer isso — diz Hoffmann.
O MP afirma que nesta manhã foi cumprido um mandado de averiguação para que a empresa responsável pelos banners forneça os contratos, os nomes das pessoas que contrataram e as notas fiscais dos pagamentos dos serviços. O órgão aguarda uma decisão da Justiça Eleitoral.