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Ministério Público pede à Justiça Eleitoral retirada de painéis anticomunistas de prédios em Porto Alegre

Empresa de mídia já confirmou que fará a remoção da propaganda por causa da reclamação do síndico de um dos edifícios

16/08/2022 - 08h56min

Atualizada em: 16/08/2022 - 08h58min


Jéssica Rebeca Weber
Jéssica Rebeca Weber
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Painel em edifício da Avenida Osvaldo Aranha

O Ministério Público (MP) pediu nesta segunda-feira (15) à Justiça Eleitoral a retirada dos painéis anticomunistas instalados nas empenas de prédios na Osvaldo Aranha (próximo à entrada do Túnel da Conceição, no sentido bairro-Centro) e na Avenida Benjamin Constant, no bairro São João, em Porto Alegre. Mesmo ainda sem uma decisão por parte do juiz da 113ª Zona Eleitoral, a empresa exibidora de mídia Life, contratada para instalar as faixas de nove metros de largura por 22 de comprimento, já afirmou que vai remover o material. 

Os painéis trazem duas colunas estampadas nas quais aparecem, de um lado, a bandeira do Brasil, e do outro, uma foice e um martelo, símbolo do comunismo. Relaciona na primeira termos como vida, bandido preso, povo armado, valores cristãos, liberdade, agro forte, menos impostos, a favor da polícia, ordem e progresso. Na coluna oposta, constam as seguintes palavras: aborto, bandido solto, povo desarmado, ideologia de gênero, censura, MST forte, mais impostos, a favor do PCC e narcotráfico. 

O vereador de Porto Alegre Leonel Radde (PT) apresentou denúncia ao MP ainda na quinta-feira (11), dia da instalação, afirmando que as faixas apresentariam “claramente propaganda eleitoral irregular”. O presidente estadual do PCdoB/RS, Juliano Roso, também confirmou o encaminhamento do caso à Justiça. 

O material gerou ainda reação de moradores e comerciantes dos prédios. O advogado do condomínio Edifício Caraíba, no bairro Bom Fim, pediu a retirada à empresa responsável pela instalação dos painéis, que tem contrato de locação do espaço. O síndico, Renê Joaquim Rossoni de Souza, conta que se falou sobre o tema "noite e dia" no final de semana no grupo de WhatsApp do condomínio:

— A grande maioria das pessoas ficou chocada com isso. Tinha gente do Interior me ligando, perguntando se era montagem ou verdade.

O espaço já serviu de divulgação para outros tipos de anúncios, como de empresa de telefonia e loja de utensílios domésticos. Ele destaca que é contra a divulgação de qualquer posicionamento político, seja de direita ou de esquerda, porque teme represálias ao imóvel. 

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Painel em edifício da Benjamin Constant

Sócio de uma loja de tecidos no térreo do edifício da Benjamin, Eric Braibante tem a mesma preocupação:

— Eu estou exposto aqui. Imagina se alguém chega aqui e toca uma pedra na loja, achando que a gente está de acordo com isso. 

Ele destaca que a propaganda traz “uma mensagem horrível”.

— Inclui fake news que vincula o comunismo ao PCC (Primeiro Comando da Capital, maior organização criminosa do Brasil). Eu não quero essa polarização, cada cliente tem seu voto — acrescenta o comerciante. 

O empresário Leonardo Zigon Hoffmann, CEO da Life, afirmou que não recebeu ainda nenhum ofício determinando a retirada, mas que o anunciante já aquiesceu com a retirada dos painéis — o nome dele não foi informado a GZH.

— Diante do pedido do síndico (do prédio da Osvaldo), alegando que a exibição está criando problemas para o condomínio e para os moradores, a Life decidiu retirar. Só precisa que pare de chover e esteja sem vento para o alpinista que nos presta serviços fazer isso — diz Hoffmann.

O MP afirma que nesta manhã foi cumprido um mandado de averiguação para que a empresa responsável pelos banners forneça os contratos, os nomes das pessoas que contrataram e as notas fiscais dos pagamentos dos serviços. O órgão aguarda uma decisão da Justiça Eleitoral.


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