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Bolicho do Armando

Quem é o tradicionalista que comanda um dos primeiros bolichos da zona sul de Porto Alegre

Um dos pioneiros no comércio de produtos da cultura gaúcha na região, empresário já ajudava a avó aos oito anos em armazém da família

23/08/2022 - 15h01min

Atualizada em: 23/08/2022 - 15h01min


Kathlyn Moreira
Kathlyn Moreira
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Kathlyn Moreira / Agencia RBS
Armando Fraga da Rocha tem 75 anos e está à frente de loja com centenas de itens de vestuário, calçados e adereços

Aos 75 anos, Armando Fraga da Rocha é um dos pioneiros no comércio de produtos da cultura gaúcha na zona sul de Porto Alegre. Ele conta que, desde os oito anos, já ficava no terreno na Avenida Cavalhada, número 2.686, ajudando a avó em um armazém da família.  

— Eu ajudava a abrir o armazém e a fechar. Naquela época, passavam tropas de boi e de cavalo. Os tropeiros paravam no arroio e faziam café de cambona — relembra o comerciante, com chapéu e lenço no pescoço.  

Anos depois, em dezembro de 1994, seu Armando inaugurou o Bolicho do Armando, loja com centenas de itens de vestuário, calçados e adereços tradicionalistas. A história do estabelecimento nasceu a partir do costume de Armando de frequentar um bar, também na Avenida Cavalhada, onde vendia alpargatas para os clientes. Incentivado pelo cunhado a transformar o negócio em algo maior, comprou a propriedade dos parentes e abriu as portas do bolicho.  

— Hoje eu vivo no meio tradicionalista e procuro passar para essa juventude os conhecimentos que tive na minha infância. Não se deve levar para o túmulo o que a gente aprendeu, tem que passar para os jovens para que eles deem continuidade — ensina o empresário.  

Apaixonado por cavalgadas, seu Armando diz que andar a cavalo é um hobby do qual não abre mão. Ativo também na criação de animais, conta que tem seis cavalos em uma estância em Itapuã, em Viamão, e mais pavões e outras aves em sua casa na Estrada Costa Gama, em Porto Alegre.  

— O segredo é a gente dar continuidade. Levantar cedo, trabalhar, fazer cavalgada, ir a baile dançar. É muito importante para a saúde. Enquanto Deus permitir, vou fazer! — garante.  

O filho Everson da Rocha, 46 anos, que tem uma loja ao lado, destaca a participação ativa do pai no negócio:  

— A gente fala que não precisa vir todos os dias, mas ele vem.  

Everson, que tem duas irmãs, Simone e Samanta, conta que o pai já deu alguns sustos na família, mas não desanima. Com três pontes de safena e algumas internações por doenças cardíacas, seu Armando levou disposição até para dentro dos hospitais quando ficou internado, há alguns anos.  

— Ele fez até baile dentro do hospital. Puxaram cama! — conta o filho, acrescentando que o pai já jogou cartas com enfermeiros, e um dia o chamou, enquanto estava na UTI, para uma conversa. — Todo mundo preocupado com o coração e ele me chama porque queria que eu falasse com o colega de leito ao lado para comprar um sítio! — diz o filho, aos risos.

No final da conversa, seu Armando resolve largar mais uma de suas piadas.  

— Sabia que aqui tem fogão à pilha? Pilha de lenha! — brinca o tradicionalista.  


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