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Bicharada

Cão comunitário precisa de novo lar

Ele está abrigado em um ferro-velho alugado por morador do bairro Partenon, em Porto Alegre. O local deve ser entregue ao proprietário em breve, impossibilitando a estadia do cachorro no espaço

16/09/2022 - 12h28min

Atualizada em: 16/09/2022 - 12h29min


Arquivo pessoal / Reprodução
Devido ao visual, cachorro é chamado pela voluntária de Pretão

Há um ano a jornalista e voluntária da causa animal Marly Maravalhas, 65 anos, busca um lar para um cãozinho comunitário. O animal é dócil, alegre, brincalhão e jovem, tem porte médio e pelagem preta com barriga e patinhas brancas. Devido ao seu visual, é chamado pela voluntária de Pretão. Ele está abrigado em um ferro-velho alugado por um vizinho de Marly, no bairro Partenon, em Porto Alegre. O local deve ser entregue ao proprietário em breve, impossibilitando a estadia do cachorro no espaço.

Marly encontrou o animal na Avenida Ipiranga, abandonado e ferido. Como o apartamento em que mora não tem espaço para mais animais – ela já tem cinco –, levou o cãozinho para o ferro-velho do vizinho, que permitiu que o animal ficasse temporariamente no local. Desde lá, ela leva diariamente comida, água, cobertores e outros suprimentos para o bichinho.

No começo, Pretão estava assustado, era feroz e não se sentia seguro perto de ninguém, consequências de ter vivido na rua, analisa Marly. Com o tempo, as visitas e os cuidados da voluntária, o animal foi ficando mais amigável e dócil. Hoje, conta Marly, ele fica alegre em vê-la, abana o rabo e festeja.

Sabendo que a estadia é temporária, há um ano a jornalista procura adotantes e padrinhos – pessoas que doam mensalmente um valor financeiro para o voluntário que cuida do bichinho apadrinhado – em grupos de Facebook e WhatsApp, mas até agora não obteve sucesso. O objetivo dela é encontrar um lar permanente, ou arrecadar dinheiro para pagar uma estadia fixa para o animal.

Marly também já recorreu ao poder público para solucionar a situação. Através de telefonemas e e-mails, conversou com o Gabinete da Causa Animal (GCA) de Porto Alegre e pediu uma vaga no canil municipal, além de ajuda com os cuidados do cãozinho, como alimentação e aplicação de remédios. 

Os tantos contatos que fez com o GCA redundaram em uma visita de uma equipe de veterinários ao local, que vacinaram o Pretão, aplicaram vermífugos e ofereceram ração. Na época, foi informado que eles não poderiam recolher o animal, já que o canil estava com capacidade máxima. Recomendaram, então, que o cachorro continuasse sendo cuidado no ferro-velho pelos vizinhos.

Futuro incerto

Nos últimos meses a situação se agravou, pois o vizinho de Marly que aluga o terreno do ferro-velho disse que entregará o local para o proprietário. Nesse sentido, não poderá garantir a estadia do Pretão naquele espaço futuramente.

– Estou muito preocupada, porque eu não tenho como abrigar o cachorro na minha casa, o apartamento é pequeno e eu já cuido de outros cinco animais lá. O ferro-velho pode fechar a qualquer momento e ainda não encontramos um lar para o animal – diz Marly.

Apesar de não ter espaço em casa, Marly diz que se disponibiliza a auxiliar na alimentação e cuidado do cão, caso a CGA ou algum voluntário consiga um abrigo para o Pretão.

– Não tenho muitas condições financeiras e já cuido de outros animais, mas me coloco à disposição para ajudar no que for preciso para encontrar uma casa para esse animal. Já cuido dele há um ano com alimentação, aplicação de remédios, antipulgas e tudo mais que ele precisa. Continuar isso faz parte do meu trabalho como voluntária da causa animal. A minha preocupação mesmo é em encontrar um lar para esse cachorro – frisa. 

Prefeitura ofereceu ajuda, mas continua sem espaço

A coordenadora do Gabinete da Causa Animal de Porto Alegre, Fabiana de Araújo Ribeiro, disse à reportagem que “a equipe do GCA realizou uma visita técnica no local em que se encontrava o cachorro. A médica veterinária avaliou as condições do ambiente, da saúde do animal, da disponibilidade de água e comida, da higiene, entre outros aspectos.

Foi aplicada vacina antirrábica, vermífugo, foi disponibilizada uma cesta básica à senhora Marly e um saco de ração ao proprietário do local. A equipe também disponibilizou castração, microchipagem e todos os serviços disponíveis na Unidade de Saúde Animal Victória. Em nenhum momento, a Prefeitura de Porto Alegre se comprometeu com o recolhimento do animal, o pedido inicial era de uma cesta básica. O Abrigo Municipal não dispõe de espaço físico para acolher todos os animais abandonados em vias públicas (aproximadamente 20 mil) e não os encaminha para ONGs, por respeito e reconhecimento da grande demanda atendida por essas entidades sem fins lucrativos, que há anos trabalham quase no anonimato e voluntariamente”.

Como ajudar

/// Pessoas interessadas em adotar ou apadrinhar o animal devem entrar em contato com Marly pelo telefone: (51) 98538-9629.

/// Doações financeiras ou de suprimentos para o cachorrinho podem ser ofertadas e combinadas pelo mesmo número de telefone.

Arquivo pessoal / Reprodução
Espaço também abriga gatos de rua

/// No local, há também gatos de rua que são alimentados pela voluntária. Mais informações sobre como ajudá-los podem ser obtidas com Marly.

Produção: Júlia Ozorio



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