Inconclusivo
Laudo da necropsia não aponta causa da morte de jovem durante show em Porto Alegre
Polícia pretende concluir o inquérito até o final desta semana
Elemento aguardado pela polícia para concluir a investigação do caso, o laudo da necropsia não foi conclusivo sobre a causa da morte da jovem Alice de Moraes, 27 anos, ocorrida durante o show da cantora Luísa Sonza, no dia 17 de julho em Porto Alegre. O documento ficou pronto na última sexta-feira (16), quase dois meses após o fato.
Na última semana, além de receber o laudo da necropsia, a Polícia Civil colheu os depoimentos de atendentes do Samu, que ainda não tinham sido ouvidos. O delegado Alexandre Vieira, que responde pela 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, avalia se há necessidade de mais alguma apuração e pretende concluir o inquérito até o fim da semana.
— O laudo não foi conclusivo em relação à causa mortis. Pretendo concluir o inquérito até a próxima sexta-feira (23), mas como tem feriado, não sei se dará tempo — diz o delegado Vieira, que retomou a investigação, após um afastamento por 30 dias, período em que o trabalho esteve a cargo do delegado Cleiton Freitas.
Ao todo, cerca de 10 pessoas foram ouvidas pela polícia. Alice passou mal dentro do Pepsi on Stage e faleceu durante o atendimento. Amigos que estavam com ela no local afirmam que houve negligência e demora no socorro da empresa Transul, contratada pela Opinião Produtora para realizar o atendimento médico no evento.
Durante o show, uma amiga recebeu uma mensagem de Alice, com um pedido para que a encontrasse na ambulância. No local, esta amiga diz ter recebido a orientação de colocar Alice em um veículo de aplicativo e providenciar a remoção dela para um hospital.
A mesma testemunha relata demora no atendimento do Samu. Os socorristas teriam levado cerca de 30 minutos para chegar e, em seguida, constataram que Alice havia morrido.
O que dizem as empresas
A Opinião Produtora, realizadora do show, afirma que seguiu todas as exigências e protocolos para um evento. A empresa disse ainda estar no aguardo da elucidação do fato.
Já a Transul, em nota enviada por meio do advogado João Adriano da Silveira Vianna, afirma lamentar o ocorrido e diz estar contribuindo com as autoridades para o esclarecimento do fato.
Confira nota da Transul na íntegra
"A Transul Emergências Médicas vem à público manifestar-se sobre atendimento ao evento cultural realizado na casa de eventos Pepsi On Stage em Porto Alegre, no dia 16/07/2022.
Foi realizada contratação de Ambulância de Suporte Básico — USB, conforme portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, para atendimento ao evento das 17h às 5h.
Por volta das 3h30min recebemos, dos seguranças do evento, solicitação de atendimento à 'Alice Moraes', 27 anos, que foi conduzida pelos mesmos até a ambulância. Foi realizado atendimento na ambulância e regulação médica com objetivo de remover paciente para serviço de urgência e emergência.
Logo após regulação inicial paciente evolui rapidamente com piora do quadro geral, entrando em parada cardiorrespiratória, imediatamente iniciou-se atendimento conforme protocolo BLS (Basic Life Support) e foi acionado recurso de Ambulância com Suporte Avançado — USA para atendimento no local, sendo mantido protocolo de atendimento até o momento em que foi orientado cessar reanimação cardiopulmonar por médico da ambulância da Samu presente na cena e quem atestou óbito da paciente.
Posteriormente, foram comunicadas as autoridades policiais sobre o fato.
Seguindo a legislação brasileira não nos é permitido fornecer dados pessoais, relatórios, exames ou boletins de atendimento da paciente, salvo para os seus representantes legais, autoridade policial ou ainda por ordem judicial.
Lamentamos profundamente o desfecho do fato ocorrido e prestamos nossa solidariedade e condolências à família.
Permanecemos à disposição para colaborar com o que for necessário para esclarecer fatos relacionadas ao atendimento".