Coluna da Maga
Magali Moraes: chiclete na calça
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Tem semanas que parecem um tsunami. Ele não surge do nada, a gente está ocupada com outras coisas, e mal percebe que o mar vem recolhendo aos poucos. Quando nos damos conta, ele volta com ondas gigantes agitando as nossas emoções. Ondas, figurativamente falando. São novidades ótimas com notícias ruins. Pequenas surpresas que tocam o coração e sustos que liquidam com ele. Acontecimentos intensos que nos tiram o chão e desorientam a paz interior. Tudo junto e misturado.
Meus últimos dias foram essa confusão que descrevi acima. Não é imaginação, é vida real mesmo. Imprevisível. Como se não bastasse, quando achei que iria sentar e relaxar, descobri um chiclete grudado na calça. Branco e nojento, preso feito um parasita na perna da calça preta que adoro. Nem sei como limpar, vou ter que pesquisar na internet. Mas isso eu faço depois, agora preciso me concentrar nas palavras e escrever essa coluna antes que o meu cérebro queime feito lâmpada.
Grude
É que cheguei há pouco do hospital, não repara. Minha mãezinha ficou lá, bem cuidada. Mães jamais deveriam desmaiar assim do nada. Filhas que são grude igual a chiclete não recebem bem esse tipo de notícia. A estrada fica longa demais quando se precisa voltar às pressas. Quer assunto melhor pra uma coluna do que a mais pura verdade? Tomara que tudo já esteja normalizado quando você estiver me lendo. Pra começar bem a semana e ter uma bela segunda-feira. É a última de setembro, o mês passou rápido.
E o chiclete, o que faço com ele? Se já é difícil tirar da sola do tênis, imagina de tecido. Raspo com a ponta da faca? Afogo a calça num balde com água e sabão, pra ver se o parasita se intimida e desgruda? Uso água quente ou gelada? De todos os produtos de limpeza do mercado, qual é o mais indicado? Vamos combinar, chiclete melequento e grudado em banco ou muro combina com gurizada e colégio. Não com mulheres adultas que sentam sem olhar onde, cheias de preocupação.