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Coluna da Maga

Magali Moraes e a pele de sereia

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

16/09/2022 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Sabe a Pequena Sereia, personagem criada pela Disney no final de 1989? Na história, Ariel é uma princesa sereia com longos cabelos vermelhos que sonha se tornar humana pra descobrir o que existe fora do mar. De lá pra cá, algumas variações dessa animação foram lançadas. Mas tem um lugar onde Ariel nunca saiu de cena: as incontáveis festinhas infantis com o tema de sereia. Quantas meninas já não se sentiram especiais usando a fantasia de cauda de peixe?

Ano que vem, irão lançar uma versão em live-action. É o estilo de filme com atores reais dando vida a desenhos animados. E com tantos assuntos no mundo pra polemizar, resolveram implicar com a escolha da protagonista. Dessa vez, Ariel é uma sereia negra. Implicar é um jeito suave de falar. A atriz e cantora Halle Bailey, que interpreta a personagem, vem sofrendo ataques racistas desde que o trailer foi divulgado. Ela aparece menos de 20 segundos. Tempo de sobra para o preconceito. 

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Certeza

Ousadia uma sereia negra? Se elas existissem de verdade, poderíamos ter certeza da cor da sua pele. Não é o caso. A licença poética, como fica? E a representatividade? Essa semana, viralizou na internet um vídeo que mostra reações espontâneas de meninas afro-americanas assistindo pela primeira vez ao trailer. Coisa mais linda ver a surpresa delas (os sorrisos, olhos arregalados, mãozinhas tapando a boca) ao descobrirem a nova Ariel. "Ela é como eu!" "A pele é marrom igual a minha!"

Já os fãs adultos da animação criticaram a Pequena Sereia negra: "Ariel é branca, aceitem isso". "Não sou racista, mas qual o motivo?". Autoestima e diversidade, eu respondo. Por que não uma Ariel de pele preta ou parda? No imaginário infantil, há espaço pra todos os tipos de princesas. E quanto mais elas gerarem identificação, mais a narrativa enriquece. Adorei a nova versão da Pequena Sereia, já quero ver o filme. Os racistas incomodados que se retirem. Pro fundo do mar, bem longe de wi-fi.



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